O Vale do Caí é a região brasileira com maior desenvolvimento sócio/econômico e as melhores administrações municipais. Foi colonizado, predominantemente, por brasileiros de origem lusa a partir de 1740, e por imigrantes alemães, desde 1827. EDITORIAL: veja postagem 1410 TAMANHO DAS FOTOS: um clic sobre as fotos pode mudar seu tamanho.
quinta-feira, 21 de março de 2013
1780 - Atletas do clube Almirante Barroso remam de Porto Alegre ao Caí, ida e volta.
Na sua edição de 7 de maio de 1920, o jornal A Federação narra a grande proeza realizada por um grupo de remadores do Club Almirante Barroso que remaram de Porto Alegre ao Caí, percorrendo 12 léguas, em menos de 12 horas. No caminho, enfrentaram neblina, tempestade e até um violento acidente náutico. A proeza foi realizada no dia 1º de maio de 1920, um sábado.
A memorável excursão foi assim narrada no jornal portoalegrense:
A excursão do Barroso a S. Sebastião do Caí
Conforme noticiamos, seguiram sábado último, em excursão a São Sebastião do Caí os gigs Araguari e Ypiranga, que estavam tripulados, respectivamente, pelos rowers Dieht, Behrends, Baumann e Lanne, timoneiros; Topuis (?), Prange, Schmitt, Mayer, Kremer, patrão.
Os excursionistas partiram da sede social do clube às quatro horas da madrugada e só às cindo e meia chegaram a Morretes devido à forte cerração.
Juntamente com os excursionistas, seguiram a gasolina Elisa, de propriedade do sr. Henrique Haber, conduzindo a família desse cavalheiro. que seguiu como chefe da missão barrosista.
Depois de fazer alguns apanhados fotográficos, os gigs excursionistas prosseguiram viagem, chegando às sete e meia à volta do Marmello, onde fizeram um pequeno alto.
Às oito continuaram viagem, chegando à fazenda paquete, do senhor Nicolau Kroeff, onde fizeram uma ligeira refeição. Dali seguiram em demanda a São João de Montenegro, onde chegaram às 13 horas.
Nessa cidade, os barrosistas foram cumprimentados pelo nosso amigo major Campos Netto, secretário municipal e diretor do Progresso, cujo cavalheiro entregou aos rowers barrosistas um lindo ramalhete de flores naturais, onde pendiam fitas das cores barrosistas, tendo no cartão com os expressivos dizeres: "Ao valoroso club Almirante Barroso, alvo de minha admiração, apresento com os votos de feliz viagem, as flores montenegrinas. 1º - 5 - 1920. Campos Netto".
Depois de uma curta demora, os excursionistas seguiram à 14 horas em demanda ao Caí, ponto terminal da excursão, debaixo de hurras à população montenegrina.
A gasolina "Elisa", que até Montenegro foi conduzida pelo senhor Henrique Huber, tomou nesse porto o prático Onofre Martins da Rosa, afim de guiá-la até Caí.
Este prático, porém, foi tão infeliz na condução da referida embarcação, que, ao chegar à barragem Rio Branco, foi de encontro a um espigão ali existente e que se encontrava coberto de água. Com o choque, a gasolina foi atirada a um monte de pedras, ficando bastante avariada. Principalmente no motor e no eixo, pois a hélice, com a queda, tocou fortemente numa pedra.
Avisado, daí, pelo telefone, ao senhor J. Michaelsen, do desastre por que passou a gasolina Elisa, esse senhor imediatamente cientificou a J Ernesto e Kayser, proprietários da antiga Navegação Michaelsen.
Estes senhores, imediatamente, fizeram seguir para a barragem o confortável vapor Caxias, que foi gentimente posto à disposição dos barrosistas.
As guarnições, com o desastre ocorrido com a gasolina Elisa, adiantaram-se muito, chegando às 18 horas em S. Sebastião do Cai.
Nessa cidade, àquela hora, aguardavam a chegada dos barrosistas, grande número de famílias e representantes das sociedades de atiradores e cantores, Guarany F.B. Club e Club da Bola Thesoura.
Os rowers azul-claros foram, ao desembarcar, delirantemente aclamados pelo povo, sendo queimadas, no porto, várias girândolas de foguetes.
Momentos após, chegava o vapor Caxias, trazendo a bordo a família do Sr. Huber, que se reuniu aos barrosistas, que, acompanhados pelas comissões representativas, das sociedades, seguiram para a sede social da Liga dos Atiradores e Cantores, onde lhes foi oferecido um lauto jantar.
Em seguida, teve início a reunião dançante que aquela sociedade ofereceu aos guapos rowers barrosistas.
As danças estiveram animadíssimas, prolongando-se até tardias horas.
Finda a reunião, a missão barrosista recolheu-se ao Hotel Cometa, onde se hospedara.
No dia seguinte, pela manhã, acompanhados do conhecido sportman e nosso amigo Guilherme Srein, secretário do município, e outras pessoas, os rewers barrosistas visitaram a intendência municipal e vários estabelecimentos comerciais e industriais, ficando agradavelmente impressionados, com o progresso do município que, nessa visita, tiveram ocasião de constatar.
Recolhendo-se ao hotel, foi a missão barrosista, ao meio-dia, convidados para, à tarde, assistir aos festejos do tradicional kerb que se realizava na povoação Matiel, que fica fronteira a São Sebastião do Caí.
À hora marcada, atendendo à gentileza do convite compareceram os barrosistas à citada povoação, sendo ali recebidos debaixo de aclamações da assistência e ao som da popular banda de música do Caí.
Os excursionistas tomaram parte nas festas até à uma hora, quando voltaram para o Caí. onde foram tão fidalgamente acolhidos pela respectiva população.
A excelentíssima família do Sr. Huber, já no domingo havia regressado a esta capital pelo trem.
O bota-fora dos barrosistas esteve muito concorrido, comparecendo numerosas famílias, representantes das sociedades e pessoas gradas do lugar.
Em nome da população caiense e das sociedades, apresentou as despedidas aos excursionistas o doutor promotor público, que pronunciou um entusiástico discurso e entregou um bouquet de flores.
Em nome dos barrosistas, falou o sr. Henrique Huber, que agradeceu comovido às gentilezas com que foram recebidos pelo povo caiense.
Em seguida, por entre aclamações do povo, partiram o gigs em direção a essa capital, chegando ao meio dia à cidade de Montenegro. Ali almoçaram os rowers excursionistas, a bordo do vapor São Gabriel, a convite do respectivo dispenseiro, que foi incansável em obsequiar os excursionistas.
No Paquete visitaram os rowers barrosistas o estabelecimento do sr. Nicolau Kroeff que se achava ausente, sendo recebidos pelo capataz da fazenda que ofereceu um chimarrão.
Prosseguindo viagem chegaram, às 18 horas, ao porto da Divisa, onde os recebeu gentilmente o sr. Bertholdo Penckert e e famíla, que ofereceu aos senhores barrosistas um lauto jantar.
Dali continuaram a viagem, chegando a Morretes às 22 horas, onde foram forçados a fazer um pequeno alto afim de observarem o tempo, que ameaçava um temporal.
Acalmado um pouco o vento, prosseguiram os excursionistas viagem, sendo porém no caminho, fazendo com que chegassem eles molhadíssimos à garagem do club às 23 horas.
Em Caí, a missão barrosista dirigiu o seguinte telegrama ao nosso colega Campos Netto: "As tripulações do Araguary e Ypiranga agradecem penhoradas as lindas flores montenegrinas que nos servirão de estímulo para futuras pugnas e o coração barrosista a esse nobre povo."
Foi um dia agradável para os barrosistas o de domingo último. A gentileza e distinção como o tratou a sociedade caiense os cativou-os profundamente, deixando em cada um deles um indelével traço de saudade.
Os rowers barrosistas cbegaram aqui em ótimas condições. O que mais uma vez vem confirmar o seu valor nunca desmentido.
Venceram eles uma distância superior a 20 léguas (96,4 km), e com todas as peripécias, em menos de 12 horas.
Fotos do acervo de João Luz
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