domingo, 24 de março de 2013

1792 - Portão: as duas chegadas dos alemães

Descendentes dos imigrantes alemães tiveram papel decisivo na emancipação

A imigração alemã, iniciada na vizinha São Leopoldo no ano de 1824, abriu nova possibilidade de desenvolvimento para a região. Os colonos alemães, mesmo tendo de enfrentar dificuldades no início, prosperaram muito e foram se espalhando pelos vales do Sinos e do Caí, chegando também ao Portão.
Os imigrantes alemães receberam áreas que pertenciam à antiga Feitoria do Linho Cânhamo. Uma grande fazenda do governo dedicada à produção de linho cânhamo (a mesma planta conhecida como cânhamo, com a qual se produz a   maconha), que o governo plantava com o objetivo de produzir fibra para a fabricação da coordenaria usada nos navios a vela. Era um produto estratégico, indispensável para a marinha de guerra. Essa fazenda fracassou e a terra ficou abandonada. Serviu, então, para que o governo imperial brasileiro (independente de Portugal a partir de 1821) distribuísse lotes para os imigrantes. Surgiu assim a Colônia de São Leopoldo. Nome da vila, depois cidade, criada para sediar o grande empreendimento da colonização alemã nos vales do Sinos e Caí. Entre 1824 e 1830, vieram 5.000 imigrantes da Alemanha, estabelecidos na região.
A velha Real Feitoria do Linho Cânhamo iincluía a Estância Velha e se estendia até o arroio Portão, incluindo áreas que pertencem hoje ao município de Portão. Ali se estabeleceram muitas famílias de imigrantes alemães.
Segundo Carlos Henrique Hunsche, o grande historiador da imigração, os primeiros colonos, chegados em 1824 e 1825, receberam áreas de terra próximas ao núcleo colonial de São Leopoldo e arredores: Estância Velha e Lomba Grande. Foi só a partir de 1826 que vieram colonos para outras localidades um pouco mais distantes, como Portão, Sapucaia, Campo Bom, Costa da Serra (Hamburgo Velho), Bom Jardim (hoje Ivoti), Linha Quatorze, Picada Quarenta e Oito, Linha Hortêncio e Dois Irmãos.
Esta fase da imigração alemã no Portão ficou, entretanto, bastante restrita, pois é pequena a parcela do município que pertencia à Colônia de São Leopoldo. Uma segunda fase de migração alemã para o município, então ainda distrito de São Sebastião do Caí, ocorreu após a construção da ferrovia entre Porto Alegre e Montenegro. O fato de existir uma estação de trem (Estação Portão) na localidade fez com que a atividade econômica se expandisse notavelmente no município. Nesse momento muitos descendentes dos imigrantes alemães que ainda viviam na área inicial de colonização, adquiriram propriedades rurais no Portão, além de outros que abriram ali estabelecimentos comerciais e industriais.
A grande influência da colonização alemã pode ser fortemente percebida no movimento pela emancipação do município. O empresário Walberto Uebel presidiu a comissão emancipadora que obteve êxito no seu propósito em 1963.
A primeira eleição municipal também deixou evidente a influência dos descendentes de alemães na comunidade. Tanto o prefeito eleito, Lothar Kern, como o vice-prefeito Rudi Nelson Frank eram de origem alemã: Quatro dos sete vereadores: Antônio Bihler, Egon Krumenauer, Oscar Gehm, Paulo Müller também eram de origem alemã, assim como o secretário geral da prefeitura: Ary Keller. A representação dos portonenses de origem lusa nesse primeiro governo ficou limitada a três vereadores: Euclides Xavier de Almeida, Antônio José de Fraga e Mário Pires Machado.

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