quinta-feira, 27 de junho de 2013

2211 - Carlos Lucas, líder farroupilha da região, era mal visto pelos colonos

A lancha usada por Peter Ludwig não devia ser muito diferente dessa,
utilizada pelos agricultores do Campestre da Conceição
para levar mercadorias, pelo Cadeia e pelo Caí até Porto Alegre


Pedro: “E os Farrapos, Vovô, também eram tão danados como os bugres?”
Vovô: “Se pensarmos bem, era ainda piores, muito piores que os bugres. Estes eram silvícolas, pagãos sem batismo. Os Farrapos, ao contrário, eram cristãos batizados e deveriam saber a diferença entre o mal e o bem.

Mas justamente eles muitas vezes se comportaram de modo muito pior que os bugres no Vale das Rosas (1). Eles não se contentavam em matar as pessoas, mas antes as torturavam muito. Praticaram tais barbaridades durante 10 anos. Por sorte, naqueles tempos nossa Picada era ainda mais afastada que a Picada das Árvores e a Picada Berghaner, onde passavam os Farrapos e depois as tropas imperiais e saqueavam tudo que encontravam. 
Eu mesmo fiz parte das Imperiais durante vários anos e muitas vezes ajudei a ensinar os Farrapos a correr. Um dos principais Farrapos nas imediações da Picada Portuguesa era o afamado Capitão Carlos (2), que morava nas proximidades da atual Campestre (3) e lá promovia suas roubalheiras. 
Ele tinha ocupado o Rio Cadea (4) e cobrava uma taxa de todas as canoas e lanchas que lá passavam. 
Naquele época, Peter Ludwig, das 14 Colônias, possuía uma lancha com a qual transportava frutas até Porto Alegre e na volta trazia os suprimentos mais necessárias para as pessoas. Certa vez, no ano de 1841, não havia pago a taxa na ida, mas queria pagá-la na volta. Mas o Capitão Carlos, que já tinha raiva de Ludwig, porque este havia procurado pelo gado que aquele lhe roubara, atocaiou Ludwig com seus comparsas no local em que o Rio Feitoria desemboca no Cadeia, matando os quatro ocupantes do barco, que eram Peter Ludwig, Friedrich Glöckner, Mathias Schneider e Nikolaus Leidens, saqueou as coisas da lancha, queimando-a e consumiu com os cadáveres. Somente com a chegada dos primeiros padres, em setembro de 1849, foi revelado o local em que os mortos estavam, seus despojos levantados e em seguida dignamente sepultados pelo Padre Augustin, no Cemitério das 14 Colônias."

1 Roseiral, na Feliz
2 Carlos Lucas
3 Campestre da Conceição, no interior caiense
4 Arroio Cadeia 

Texto traduzido do alemão, disponibilizado por Hari Klein


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