Quando chegaram ao Brasil, os imigrantes encontraram dificuldades inesperadas, mas levaram a civilização para o meio da selva |
Depois que o vovô esvaziou várias vezes a cuia com sua
bebida preferida, continuou sua narrativa do seguinte modo:
Vocês podem imaginar a nossa alegria
em, finalmente chegar à nossa nova terra: o Rio Grande do Sul. Visitamos todas as
igrejas de Porto Alegre para dizer obrigado por termos suportado bem a longa e
difícil viagem.
Agora, como ingênuos alemães, pensávamos que íamos diretamente
para tomarmos posse dos 272 Morgen, que cada uma das nossas famílias deveria
receber. Achávamos que essas terras se situavam nas redondezas e que era só
chegar e plantar.
Mas agora iríamos conhecer o Brasil: “Paciência, alemão, você
não está mais na Prússia, está no Brasil!” – Depois de passarmos mais alguns
dias inativos em Porto Alegre, puseram-nos em lanchas e nos transportaram Rio
dos Sinos acima, até às proximidades de onde atualmente é São Leopoldo, e onde
existiam apenas umas poucas casas.
Aquele local era chamado de “Passo”, pois ali
havia uma passagem pelo Rio dos Sinos. Do "Passo" seguimos para a "Feitoria
Velha", uma estância imperial, onde os imigrantes recém-chegados eram acolhidos
em galpões de madeira.
Também o pessoal de Hunsrück, que havia chegando antes de
nós, tinha passado uma temporada nesse local. Agora já tinham seguido para suas
colônias, mas antes tiveram de passar um ano inteiro na Feitoria, e tudo isso
apenas para aprendermos a “paciência” brasileira.
Finalmente, depois de muito
vai e vem, fomos para o Portão e para a Estância, onde as mulheres e crianças
ficaram hospedadas com os migrantes já instalados.
Ainda me lembro da Família
Schreiner, junto à qual fomos hospedados. Os homens e rapazes seguiram para as
colônias que lhes eram atribuídas. Ali derrubavam a mata e plantavam aqui e ali,
voltando de tempos em tempos para visitarem suas famílias.
As ferramentas
principais, como machado, foice e enxada eram dadas pelo Governo, mas nunca
vimos nada do gado prometido. Da gente chegada conosco, 55 famílias foram
assentadas na atual Picada Portuguesa, que naquela época era chamada de Picada
Rio Cadea (1), e também nas 14 Colônias (2\0. Antes da nossa chegada, já
havia umas quinze famílias do pessoal de Hunsrück nessa picada, ou seja, na
parte dianteira, perto de onde agora é a igreja.
Por isso, a maioria de nós foi
morar lá pela região do Fritzenberg, ou mesmo nas encostas dele. Depois de nós
chegaram os chamados "ingleses", ou seja, aqueles que em virtude do naufrágio
haviam ficado parados na Inglaterra durante um ano. Destes, cerca de 17 famílias
foram alocadas na Picada Portuguesa ou nas 14 Colônias.
1 - São José do Hortêncio
2 - Lindolfo Collor
Texto traduzido do alemão disponibilizado por Hari Klein
Foto do acervo de Moacir Johann
Texto traduzido do alemão disponibilizado por Hari Klein
Foto do acervo de Moacir Johann
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