Ford 1937, com carroceria construída na marcenaria de Walter Damian |
Afonso e Egon Hass venderam o ônibus e a linha para Geraldo Diefenthaeler, cunhado de seu Helmuth. Por muitos anos, ficaram os dois se alternando. Seu Helmuth ia num dia para Porto Alegre com o Terror da Zona e o Geraldo Diefenthaeler noutro, com o Flor do Caí.
A viagem era muito dificultosa e se fazia de maneira muito diferente das atuais. Começava na véspera, quando os passageiros iam avisar na empresa que desejavam ir a Porto Alegre. No outro dia, o ônibus ia bem cedo apanhar os passageiros em casa. Estando todo mundo no ônibus, eles partiam, às seis da manhã, para a grande viagem que, se tudo corresse bem, levaria de quatro a seis horas, dependendo das condições da estrada.
Enquanto passavam pelas ruas do Cai, de saída para a capital, as pessoas, das janelas das suas casas, gritavam para o seu Helmuth fazendo encomendas: “Me traz uma dúzia de maçãs”, gritava um. “Traz uma lata de leite em pó”, falava outro. Seu Helmuth não precisava anotar. Guardava tudo de memória e trazia na viagem de retorno, no mesmo dia.
O retorno para o Caí era à tarde, com saída de Porto Alegre às quatro horas. A chegada, na melhor das hipóteses, ocorria às oito da noite. Em dias de chuva, com barro e atoladores, não se chegava antes da meia-noite. Ou seja: oito horas de viagem!
Desde a primeira viagem, realizada no dia 18 de janeiro de 1933, a linha do seu Helmuth caracterizou-se pela regularidade. Enquanto outros ônibus deixavam de trafegar nos dias de chuva, devido às más condições em que ficavam as estradas, o Terror da Zona não falhava.
Matéria publicada no jornal Fato Novo, em 11 de agosto de 1983
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