domingo, 11 de agosto de 2013

2499 - Caiense 80 anos: Chegou o Terror da Zona

Ford 1937, com carroceria construída na marcenaria de Walter Damian
Batizado com o pomposo nome de Terror da Zona, o novo e flamante veículo entrou em funcionamento no ano de 1933.Seu Helmuth começou a fazer a linha um dia sim outro não, no mesmo dia em que viajavam o portoalegrense Abel e Emílio Noschang. No outro dia, viajavam os irmãos Haas. Em pouco tempo, Abel e Emílio Noschand desistiram. 

Afonso e Egon Hass venderam o ônibus e a linha para Geraldo Diefenthaeler, cunhado de seu Helmuth. Por muitos anos, ficaram os dois se alternando. Seu Helmuth ia num dia para Porto Alegre com o Terror da Zona e o Geraldo Diefenthaeler noutro, com o Flor do Caí.

A viagem era muito dificultosa e se fazia de maneira muito diferente das atuais. Começava na véspera, quando os passageiros iam avisar na empresa que desejavam ir a Porto Alegre. No outro dia, o ônibus ia bem cedo apanhar os passageiros em casa. Estando todo mundo no ônibus, eles partiam, às seis da manhã, para a grande viagem que, se tudo corresse bem, levaria de quatro a seis horas, dependendo das condições da estrada.

Enquanto passavam pelas ruas do Cai, de saída para a capital, as pessoas, das janelas das suas casas, gritavam para o seu Helmuth fazendo encomendas: “Me traz uma dúzia de maçãs”, gritava um. “Traz uma lata de leite em pó”, falava outro. Seu Helmuth não precisava anotar. Guardava tudo de memória e trazia na viagem de retorno, no mesmo dia.

O retorno para o Caí era à tarde, com saída de Porto Alegre às quatro horas. A chegada, na melhor das hipóteses, ocorria às oito da noite. Em dias de chuva, com barro e atoladores, não se chegava antes da meia-noite. Ou seja: oito horas de viagem!

Desde a primeira viagem, realizada no dia 18 de janeiro de 1933, a linha do seu Helmuth caracterizou-se pela regularidade. Enquanto outros ônibus deixavam de trafegar nos dias de chuva, devido às más condições em que ficavam as estradas, o Terror da Zona não falhava.

Matéria publicada no jornal Fato Novo, em 11 de agosto de 1983

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