A navegação no Arroio Cadeia deixou de existir há muito tempo. Mas a 50 ou 60 anos atrás ela ainda era praticada. Por isto existe na localidade uma capela de Nossa Senhora dos Navegantes. Arsênio Kafer e Terezinha da Costa nos contam uma história do tempo da navegação.
"Os homens, através da história, nunca andaram sozinhos. Deus sempre esteve com eles.
E pesquisando a história de nossa comunidade, também sentimos a presença de Deus chamando pessoas, pois nada acontece por acaso, tudo tem um sentido e com certeza aos personagens da nossa história, Deus tinha confiado-lhes uma missão.
Isso aconteceu, aproximadamente, em janeiro de 1932, quando os quitandeiros Justino Rodrigues dos Santos, Cassemiro Gabriel Flores, Marcos Armindo Rodrigues e Antônio Rodrigo de Paula iam repetir mais uma das tantas viagens com o barco Flor do Cadeia, carregado de frutas, rumo ao mercado em Porto Alegre.
A rota era mais ou menos essa: Arroio Cadeia, depois Rio Caí, após Jacuí e finalmente o Guaíba.
Naquele dia, a mãe natureza anunciava chuva e, a certa altura da viagem, foram surpreendidos por um violento temporal.
A princípio, deram o melhor de si para equilibrar o barco, mas a tempestade continuava, foi então que ancorados na fé e na confiança que vem do Alto, oraram espontaneamente e fizeram uma promessa à Nossa Senhora dos Navegantes que caso se salvassem construiriam uma capelinha e também fariam procissão pelas águas do Arroio Cadeia, próximo ao passo (ponto de início da viagem deles) em honra à Nossa Senhora dos Navegantes.
Como sempre, Deus os acompanhava. Deve ter sido um dia marcante na vida deles. Seu Justino, Seu Cassemiro, Seu Armindo e Seu Tonico assumiram com fidelidade o que tinham prometido. A princípio, repetindo as procissões que eram realizadas no trecho que ia da cachoeira grande ao mencionado passo dos Silveira, onde ficava a espia e a barca ancorada.
Era uma organização espontânea, algumas famílias até traziam um pedacinho de carne para assar. Passavam o dia por aqui, iniciando-se assim em torno deste local, além do fator religioso, a vida social da comunidade.
A capelinha foi construída mais ou menos em 1939. É a mesma que aí está. É claro que receberam ajuda de outras pessoas da comunidade entre as quais foram citados os nomes de João Pereira, Tomé Antônio Azevedo, Otaviano Flores, Teodomiro Fores, João Pereira Filho, Gabriel Pereira, João de Deus Fagundes, Alfredo de Paula, Alfredo Bueno, Pedro da Silva Bueno, Tomé Pereira, Rosalino da Costa e José Antônio Pereira.
A partir daí surgiram as festas. O padre Nicolau Flach rezou a primeira missa nessa capelinha.
Contam também que era tradição chover no dia da festa.
Com o passar do tempo, o espaço aqui foi ficando pequeno e era preciso também construir uma capela maior.
No início da década de 60, Dona Conceição Flores doou parte da atual área, onde hoje se encontra a nossa Igreja.
Lá também, com muito esforço, foi construído um pequeno galpão onde eram feitas as cerimônias religiosas e posteriormente a Igreja, o galpão maior e o cemitério.
Agradecemos a Deus por colocar em nossa comunidade, pessoas, que como os quatro pioneiros, colocaram à disposição dos outros seus dons. Temos o Padre, o Ministro Extraordinário da Eucaristia e Comunidade, a Diretoria, Catequistas e outras pessoas do povo.
Nossa capelinha foi restaurada. Foi uma idéia das atuais Zeladoras do Apostolado que sugeriram uma rifa, uma ação entre amigos para angariar fundos para esta finalidade.
A partir de hoje, 31 de janeiro de 1998, com a benção do Padre Inácio, ela é denominada Oratório.
Esta pesquisa foi só um começo. Muita coisa já se perdeu no tempo. No passado os personagens da história foram outros. Hoje somos nós. E estamos registrando-a, rogando a Deus para que outras gerações que vierem depois da nossa, também, formem a Igreja, pois a Igreja somos todos nós."
Nenhum comentário:
Postar um comentário