"Os pregos eram substituídos por cipós. Alguns caixões serviam como cadeiras e mesas.
A nossa comida de todo dia consistia de milho socado a mão e abóboras cozidas.
Muitas vezes nos lembrávamos, naquele tempo, do delicioso pão que tínhamos na Europa.
Nossos corações se enchiam de pesar e o desânimo ameaçava apossar-se de nós, quando víamos as dificuldades que, a cada passo, encontrávamos.
Porém, era forçoso lutar e lutamos.
Também não havia fósforos e quando acontecia de apagar-se o fogo no nosso rancho, era preciso correr ao vizinho mais próximo para pedir um tiçãozinho.
Estradas não havia e as compras tinham de ser feitas no Passo, onde existiam duas vendas: uma de Inácio Rasch, na margem esquerda do rio, e outra de Adão Hoefel, na margem direita. Só mais tarde abriram-se novas casas de comércio em Estância Velha e em Hamburgo Velho.
Os produtos da nossa lavoura tinham de ser carregados nas costas até aquelas vendas, quando não conseguíamos vendê-los aos novos imigrantes ou aos tropeiros que, de vez em quando, visitavam as colônias.
Aliás, os preços naquele tempo eram pouco animadores.
Se por um lado se adquiria um quilo de carne por três centavos, por outro não recebíamos mais do que 80 centavos por um saco de feijão. Um trabalhador comum ganhava meia pataca (16 centavos) por dia de trabalho, enquanto um carpinteiro ganhava pataca e meia (48 centavos).
Em tais circunstâncias era preciso fazer todo tipo de economia.
Tendo iniciado a cultura do algodão e do linho com algum resultado, fabricávamos os tecidos para o nosso uso e as tingíamos com diversas cores com tintas extraídas de cipós. E, se nossas roupas não eram lá muito elegantes, não deixavam de ser bastante resistentes.
As xícaras eram substituídas por porongos.
Além das dificuldades a que nos referimos acima, ainda havia o perigo dos bugres que vagavam pelas florestas virgens ao norte da colônia e, várias vezes, puseram os colonos em sobressalto”.
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