Alguns moços que viajavam em nossa companhia ficaram naquela cidade (Rio de Janeiro) e se alistaram no Exército Brasileiro.
Nós, porém, continuamos a viagem para o Rio Grande, onde chegamos após 14 dias e, desta cidade, seguimos para Porto Alegre depois de alguns dias de demora. Dali, em lanchas, chegamos ao porto do Rio dos Sinos denominado Passo. Hoje, São Lepoldo. Ali desembarcamos e seguimos para a Feitoria Velha, uma fazenda imperial, onde fomos acomodados em construções de madeira.
A nossa viagem toda havia durado 49 semanas.
Na Feitoria ficamos um ano inteiro, eperando que nos fossem indicados os lotes que nos haviam sido destinados.
Seguimos, então, da Feitoria para a Estância Velha, onde as mulheres e crianças foram acolhidas nas casas dos colonos chegados nos anos anteriores. Enquanto isto, nós, homens, seguimos mato a dentro, para dar início à cultura de nossas terras.
A ferramenta nos fora fornecida pelo governo, mas não conhecíamos os métodos para trabalhar nossas imensas florestas virgens. Fazíamos uma pequena derrubada, picávamos em seguida os ramos das árvores, amontoando-os para queimar quando estivessem secos. Não nos animávamos a por fogo na derrubada toda, com receio de fazer devastações no mato.
Os tocos grossos eram arrastados com grande custo às beiradas do mato. Ou, quando havia alguma sanga (riacho) na vizinhança, eram nela atirados. Em seguida eram escavadas as raizes porque julgávamos que elas impediriam o desenvolvimento das plantas.
Do mesmo modo desajeitado procedíamos com a semeadura, plantando o milho de grão em grão, ao passo que amontoávamos demasiadamente o trigo e o centeio. O resultado foi que as primeiras colheitas ficaram muito aquém das nossas esperanças.
Em nada melhor eram as nossas primeiras habitações. Quatro postes fincados no chão, paredes de ramos de árvores, cobertas de barro amassado; algumas aberturas para janelas, outra maior para a porta; o telhado coberto de capim. E a casa estava pronta."
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