"Dizem que o fogo afugenta o tigre. Não duvidamos que, assim como acontece com os outros animais, cause uma primeira impressão de pavor. Mas, se este medo inicial não é seguido imediatamente de ferimento ou morte, o efeito logo passa e o tigre, vencendo o temor inicial, prossegue nos seus ataques. Tivemos o exemplo de um espanhol a quem o fogo não livrou do tigre. Dormindo no meio dos seus camaradas, em torno de uma fogueira bastante ativa, assim mesmo foi atacado por um tigre que não chegou a matá-lo mas arranhou-lhe horrivelmente a cabeça toda.
É opinião constante entre os viajantes que o tigre observa uma certa graduação no ímpeto de seus apetites cruéis. Dizem que, achando facilidade igual para atacar um branco, um negro e um bruto (Dreys, aqui deve estar se referindo ao índio), o tigre irá se atirar primeiro ao bruto, depois ao negro e, por último, ao branco. Se existem muitas experiências nas quais se fundamentem semelhante classificação, não o sabemos. Mas o que podemos afirmar é que, em nossas repetidas viagens através daqueles campos era difícil ordenar a um negro para que ele fosse sozinho cortar lenha num capão (mato) vizinho. Ele sempre alegava a funesta preferência dos tigres pela carne negra para exigir que alguém o fosse acompanhando."
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