Segue Nicolau Dreys, na sua narrativa.
"Parece mesmo que o tigre, em presença do perigo inevitável, perde a sua ferocidade natural e não se lembra mais de sua força e de suas armas. Um destacamento de dragões voluntários, regressando das margens do rio Uruguai para o centro da província, passava pelas imediações de Bagé. Nas fontes do rio Negro os dragões fizeram alto e espalharam-se a procura de caça. Foram, então, lhes aparecendo vários tigres e estes ficaram tão espantados, procurando só fugir, que os soldados desdenharam fazer uso de suas armas e atacaram as feras só a laço. A maior dificuldade foi conter os movimentos dos cavalos, sempre desordenados diante da primeira aparição de um tigre. Mesmo assim, neste dia, os soldados apanharam quatorze destas feras. Nesta ocasião tivemos a oportunidade de comer-lhes a carne e não achamos muita diferença da de vitela.
Existem no país caçadores especiais de tigres que não têm outra profissão. Conhecemos dois caçadores desses, moradores nos matos que margeiam o rio São Gonçalo. Muitas vezes eles assumiram o compromisso de nos fornecer cinqüenta peles de tigre por mês e sempre cumpriram com o trato.”
Arsene Isabelle, outro estrangeiro que escreveu sobre o Rio Grande, relatou que as florestas virgens que cobrem o Vale do Rio Caí servem de covil para aos tigres negros. Já o alemão Joseph Hörmeyer, no seu livro O que Jorge Conta Sobre o Brasil, editado em 1863, diz que “três espécies de onças ainda existem no Brasil: A onça amarela (onça parda), também chamada de leão americano ou puma; a onça preta ou jaguar e, finalmente, a onça pintada ou tigre”.
Os homens que se dedicavam à caça de tigres eram chamados de tigreiros. Antônio Rosa, na sua obra História de Montenegro, faz mensão a um morador do Vale do Caí que era conhecido como ....Tigreiro porque se dedicava a caçar tigres. É intereçante frizar que existiram também bugreiros, que tinham por ofício matar ou espantar os bugres que ameaçavam os colonos brancos instalados nas bordas da mata ainda habitada pelos selvagens.
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