O mais dramático exemplo das agruras sofridas pelos colonos pioneiros da região do Vale do Caí ocorreu na localidade que hoje se chama Roseiral e fica no interior do atual município de Linha Nova. Bem perto de São José do Hortêncio, que foi um dos primeiros núcleos de colonização alemã no estado. Roseiral é vizinha da localidade de Coqueiral, já pertencente ao município de Feliz.
Naquela época, a localidade era conhecida como Rosenthal e era ainda muito pouco povoada pelos brancos. Entre as famílias que lá haviam se instalado estava a de sobrenome Göllner que vivia muito isolada, cercada pela mata. Os índios atacaram a casa da família no dia 16 de abril de 1832, matando a maioria dos seus moradores. Foi um dos episódios mais trágicos da história inicial da colonização alemã no Rio Grande do Sul. E a história do massacre foi contada pela menina Helena Göllner, que tinha dez anos na ocasião e escapou com vida por acaso. Ela contou que tinha ido ao galinheiro buscar ovos quando viu os bugres se dirigindo para a casa. Escondeu-se e assistiu à tragédia que liquidaria com quase toda a sua família. Seus pais e demais parentes perceberam a aproximação dos selvagens e fecharam a casa. Mas não conseguiram impedir a entrada dos índios que estavam armados de tacapes e arrombaram a porta.
O primeiro a morrer foi o pai de Helena, que segurava a porta da frente da casa, tentando impedir a invasão. Ele se chamava Gaspar e chegou a São Leopoldo, com a família, em 18 de março de 1829. O fato desta família ter sido das últimas a chegar à colônia de Hortêncio deve ser a razão dela haver recebido terras em lugar mais distante e perigoso. Gaspar Göllner nasceu em 1780, na localidade de Berlingen, no distrito de Lingen pertencente à Baixa Saxônia, na Alemanha. Logo em seguida foi morto o avô da menina, um veterano das guerras napoleônicas que era cego. A mãe, que se chamava Catarina (de sobrenome Helter, nascida em 1795, filha de Gaspar Helter), tentou fugir carregando no colo a filha mais nova, com apenas um mês de vida. Mas ela foi perseguida e morta pelos índios. Helena ficou escondida no galinheiro até que os bugres foram embora. Então pôde ver de perto a carnificina de que foram vítimas seus pais, o avô e os irmãos. Por baixo do corpo da mãe, ela encontrou a irmãzinha mais nova ainda viva. Tomou-a no colo e caminhou, durante dois dias, pelo meio do mato, até chegar em São José do Hortêncio. Chegou lá desnutrida e em estado de choque, mas ainda tinha a maninha no colo. Também desnutrida, mas ainda viva. Os colonos de Hortêncio organizaram um grupo que se dirigiu até o local da tragédia e providenciou o enterro das seis vítimas num local próximo à casa. O avô poderia ser Gaspar Helter. Os irmãos seriam Margarida, nascida em 1820; Helena; Mariana, nascida em 1826, Maria, nascida em 1828 e o bebê, uma menina, nascida em 1831, quando a família já se encontrava na colônia de São José do Hortêncio.
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