O perigo de ataques por parte dos selvagens era real e este problema constituiu-se num dos principais obstáculos ao desenvolvimento desta região que, na época, era totalmente coberta pela mata nativa.
Muitos foram os casos de colonizadores que sofreram ataque por parte dos índios.
Citemos, por exemplo, um ocorrido numa das primeiras áreas de colonização alemã na região do Vale do Caí. Foi na localidade que hoje se chama Roseiral e fica no interior do atual município de Linha Nova. Bem perto de São José do Hortêncio, que foi um dos primeiros núcleos de colonização alemã no estado.
Naquela época, a localidade era conhecida como Rosental e era ainda muito pouco povoada pelos brancos. Entre as famílias que lá haviam se instalado estava a de sobrenome Göllner que vivia lá muito isolada, cercada pela mata. Os índios atacaram a casa da família no dia 16 de abril de 1832, matando a maioria dos seus moradores. E a história do massacre foi contada pela menina Helena Göllner, que tinha dez anos na ocasião e escapou com vida por acaso. Ela contou que tinha ido ao galinheiro buscar ovos quando viu os bugres se dirigindo para a casa. Escondeu-se e assistiu à tragédia que liquidaria com quase toda a sua família. Seus pais e demais parentes perceberam a aproximação dos selvagens e fecharam a casa. Mas não conseguiram impedir a entrada dos índios que estavam armados de tacapes (machadinhas rústicas).
O primeiro a morrer foi o pai de Helena, que segurava a porta da frente da casa, tentando impedir a invasão. Logo em seguida foi morto o avô da menina, um veterano das guerras napoleônicas que era cego. A mãe tentou fugir carregando no colo a filha mais nova, com apenas um mês de vida, mas também foi morta pelos índios. Helena ficou escondida no galinheiro até que os bugres foram embora. Então pode ver de perto a carnificina de que foram vítimas seus pais, o avô e os irmãos. Por baixo do corpo da mãe, encontrou a irmãzinha mais nova ainda viva. Tomou-a no colo e caminhou, durante dois dias, pelo meio do mato, até chegar em São José do Hortêncio. Chegou lá desnutrida e em estado de choque, mas ainda tinha a maninha no colo. Desnutrida como ela, mas viva. Os colonos de Hortêncio organizaram um grupo que se dirigiu até o local da tragédia e providenciou o enterro das seis vítimas num local próximo à casa.
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