domingo, 9 de agosto de 2009

51 - Padre e guerreiro

O padre, assim que foi avisado, voltou a montar no seu cavalo e usou um escudo que um dos índios da sua comitiva lhe havia alcançado. Defendia-se com ele das flechas de que era alvo. Como entre os índios que o acompanhavam existiam alguns que ainda não haviam recebido o batismo, o padre gritava para eles, dizendo para que fugissem, mantendo consigo apenas os índios que já haviam se tornado cristãos.
Um dos índios da comitiva que ainda permanecia pagão foi atingido por várias flechas e isto causou grande aflição ao padre. “Água”, gritava. “Tragam-me água para batizá-lo”. Mas ninguém o atendia naquela confusão horrível.
Logo os selvagens cercaram o padre, que permanecia montado em seu cavalo, brandindo seus tacapes e atirando flechas contra ele. O cavalo caiu num atoleiro e o padre teve de apear-se dele. Poderia ter fugido, mas não quis. Sua fé o levava a ter desprezo pela vida temporal, dando mais importância para a salvação para a vida eterna daqueles que o cercavam.
Instintivamente, o padre defendia-se com o escudo. Mas este foi se tornando pesado com o acúmulo de flechas que a ele se prendiam. Cristóvão quis quebrá-las, para aliviar o peso. Mas, com isto, ficou descoberto e seu rosto foi atingido por um flechaço que o deixou aturdido. Então um dos selvagens chegou por trás do padre e tirou-lhe o chapéu, enquanto um outro vibrou-lhe o tacape e atingiu-o, derrubando-o por terra. Os selvagens deram novos golpes de tacape e flechaços no padre, até considerá-lo como morto. Um dos feiticeiros da tribo agressora tratou, então, de cortar uma das orelhas do sacerdote, que já era tido como morto. Tiraram, ainda, todas as suas roupas e arrancaram dele o crucifixo que pendia do pescoço. Os selvagens blasfemavam e diziam para o Cristo: “Salva-o”.

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