Depois destes primeiros jesuítas, vários outros padres pertencentes a esta ordem vieram da Alemanha para dar assistência aos imigrantes e seus descendentes. Entre eles alguns intelectuais de grande estatura, como os padres Theodor Amstad e Carlos Techauer.
Padres com esta envergadura criaram seminários e colégios que deram enorme contribuição para a evolução intelectual e científica na região colonial alemã. E esta contribuição foi particularmente importante na área religiosa. Jovens nascidos ou criados no Vale do Caí, que estudaram em colégios jesuítas, tornaram-se os grandes líderes da igreja no estado. Destacam-se entre eles os três primeiros arcebispos formados no Rio Grande do Sul: Dom João Becker, Dom Vicnete Scherer e Dom Cláudio Colling. Pode se dizer que os jesuítas que vieram para o Rio Grande do Sul a partir de meados do século XIX formaram os sacerdotes que se constituíram na elite da Igreja Católica gaúcha. O estado era muito pobre em vocações sacerdotais até meados do século XIX mas este cenário passou por radical transformação depois que os jesuítas passaram a atuar no Vale do Caí e fizeram desta região o mais extraordinário celeiro de vocações sacerdotais surgido no Brasil até hoje e um dos mais notáveis do mundo. E este trabalho começou a ser feito pelos padres estabelecidos em São José do Hortêncio.
Observa-se por aí que Hortêncio era, em meados do século XIX, um dos principais núcleos da colonização alemã. Tanto que foi, juntamente com Dois Irmãos, o local escolhido pela igreja para receber os primeiros padres que dominavam o idioma alemão. Além disto, nesta mesma época, São José do Hortêncio foi o ponto de partida do processo de colonização alemã no Vale do Caí. Por isto não é de se estranhar a revolta sentida pela população local em duas ocasiões nas quais Hortêncio foi preterida em favor de localidades menores. Uma delas ocorreu quando o pastor Heinrich Hunsche (que atendia Hortêncio, Linha Nova e Nova Petrópolis) escolheu Linha Nova para ser a sede da paróquia. A outra foi quando, em 1875, São Sebastião do Caí foi escolhida para ser a sede de município ficando Hortêncio a ela subordinada.
Hortêncio já pecava, naquela época, por um aspecto que vem até hoje entravando o seu desenvolvimento: a dificuldade de meios de transporte. A navegação no arroio Cadeia era difícil em virtude dele ser muito raso e encachoeirado. E as estradas naquela época eram horríveis. O Caí, graças ao seu porto fluvial, tinha muito mais condições de se desenvolver e o passar dos anos demonstrou que a sua escolha para ser sede municipal foi acertada.
Saliente-se que num período que vai aproximadamente dos anos de 1840 até 1880 São José do Hortêncio foi um dos principais núcleos da colonização alemã do Rio Grande do Sul. A localidade destacou-se, fundamentalmente, por dois aspectos:
Foi o mais importante centro de introdução do catolicismo em língua alemã no Rio Grande do Sul.
Foi o ponto de partida da colonização alemã rumo ao oeste, ocupando inicialmente regiões ainda desertas do Vale do Caí e depois terras mais além, principalmente no centro e norte do estado. Para estas terras ainda desocupadas se deslocavam os filhos dos colonos de Hortêncio assim que atingiam a idade para casar-se e constituir suas próprias famílias. Como as famílias, naquela época, eram muito numerosas, os jovens não podiam ficar na terra dos pais e tinham de buscar novas terras em lugares onde elas eram abundantes e baratas. E os jovens de São José do Hortêncio, marchando para o oeste em carretas de boi, foram ocupando primeiro o Vale do Caí, depois o do Taquari e depois seguiram além, chegando até o território argentino, onde muitos deles (ou já os seus descendentes) foram se estabelecer nas primeiras décadas do século XX.
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