Eles navegavam no navio M.S.Monte Cervantes, que pertencia a uma companhia de navegação alemã. Companhia esta que tinha o incrível e impronunciável nome de Hamburgsüdamericanischedampfschiffahrtpacketaktiengesellschaft.
Perto da cidade de Ushuaia, na Patagônia, no extremo sul da Argentina, ocorreu o acidente. O navio, embora conduzido regularmente e sob a orientação de um prático argentino (conhecedor daquela parte do oceano), bateu contra um recife submerso. O que ocasionou um grande rombo no costado (parte lateral do casco do navio). Para evitar que a embarcação afundasse, o capitão ordenou imediatamente que fosse dada força máxima aos motores, impulsionando o barco para a frente. Com isto o barco ficou "espetado" sobre a montanha submersa e não afundou. Graças à perícia e sangue frio do capitão, todos os passageiros e marujos salvaram-se, sendo levados até a margem nos botes salva-vidas. Todos menos o capitão, pois a ética da classe dos comandantes de embarcações (pelo menos na Alemanha) mandava que o capitão não voltasse com vida se o seu barco não voltasse com ele.
Consultando a internet apuramos, num site sobre faróis argentinos, que o Monte Cervantes levava cerca de 1.500 pessoas, entre passageiros e tripulantes. O acidente ocorreu em 1930 e o capitão se chamava Theodor Dreyer. Um dia e meio depois do acidente, quando todos os demais estavam à salvo, na costa, o navio afundou e o capitão, que ainda se encontrava dentro do seu navio, afundou junto com ele.
Isto faz lembrar o fato de que, nos vapores que singravam as águas do rio Caí, o camarote do comandate ficava sobre a caldeira da embarcação. Portanto, se a caldeira explodisse, a primeira pessoa a morrer era o comandante.
Esta ética, aparentemente absurda, tinha um objetivo prático. O amor pela própria vida fazia com que os comandantes fossem muito zelosos quanto à segurança de seus barcos e daqueles que neles viajavam.
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