sábado, 24 de outubro de 2009

514 - Um projeto ousado

Mas havia uma grande dificuldade, pois restavam poucos dias para o encerramento do prazo para a entrega do projeto na Assembléia Legislativa. Léo Angst e o presidente da comissão emancipadora, professor Leomar Willrich, enfrentaram o desafio e, contando ainda com a ajuda da professora Marlise Zwirtes, conseguiram realizar a tarefa a contento. Usaram para isto, além de muito esforço, um tanto de imaginação, pois era preciso demonstrar no projeto que São Vendelino tinha as condições exigidas pela lei das emancipações.
Entre os vários requisitos exigidos de um município que pretendesse se emancipar havia o da população mínima de 10 mil habitantes. E São Vendelino estava muito longe de atender a esta e outras exigências. Mas, por outro lado, eram inúmeros os exemplos de municípios que haviam sido criados no Rio Grande do Sul sem atender às exigências da lei. Bom Princípio era um deles. A verdade é que a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul era a favor de qualquer emancipação que fosse proposta e qualquer projeto emancipacionista podia ser concretizado, contanto que ninguém entrasse na justiça para denunciar o não atendimento dos requisitos legais. A Justiça só intervinha, impedindo a emancipação, se fosse oficialmente acionada por alguém.
Assim, num gesto de extraordinária ousadia e oportunismo, o pequeno e pobre distrito de São Vendelino apresentou seu projeto de emancipação e obteve a aprovação da Assembléia. As vantagens destas emancipações, tanto para o distrito que se emancipa como para o município mãe, foram extraordinárias, como se pode ver hoje em dia. Mas, naquela época, nem todos imaginavam que fosse assim. São Vendelino era uma povoação tão carente de tudo que parecia impossível ela ser sede de um município.
Principalmente para as pessoas que moravam na zona sul do pretendido município, nas localidades de Piedade e Floriano Peixoto, parecia ser desvantajoso desligar-se da já bem estruturada Bom Princípio para subordinar-se à totalmente carente São Vendelino. Por isto surgiram reações que ameaçaram seriamente a concretização da emancipação.
O plebiscito que decidiria a emancipação ocorreu no dia 10 de abril de 1988. Mesmo dia em que aconteciam plebiscitos semelhantes em dezenas de outras áreas que pretendiam emancipar-se. Em toda a área emancipanda de São Vendelino (que incluía ainda as localidades de Morro Carrard, Morro Canastra e Chico Pedro) 1099 pessoas estavam habilitadas a votar e 980 eleitores compareceram. Destes, 679 votaram pelo sim, 295 pelo não, dois votos foram nulos e quatro em branco. Dos votos válidos, 69,2 % foram favoráveis à emancipação.
Com isto, já em 29 de abril do mesmo ano de 1988, foi criado o município de São Vendelino, pela lei estadual n° 8579.

Nenhum comentário:

Postar um comentário