domingo, 22 de novembro de 2009

710 - A vida dura do missionário Amstad

As paróquias que, em 1885, estavam sob a administração da paróquia de São Sebastião do Caí eram as de São Salvador (hoje, Tupandi), Bom Princípio, Santo Inácio da Feliz, Caxias do Sul e Cima da Serra (atual São Francisco de Paula). Isto na margem direita do rio Caí. Na margem esquerda, havia outras cinco paróquias: Sant'Ana do Rio dos Sinos, São José do Hortêncio, Bom Jardim (atual Ivoti), Dois Irmãos e Mundo Novo (atual Taquara).
E grande parte deste extenso território cabia ao padre Teodoro Amstad percorrer, em lombo de mula, enfrentando caminhos dificeis e perigosos.
Certa vez o padre percorria uma picada, rumo à Linha Italiana, quando anoiteceu. O caminho estreito, no meio do mato era em declive acentuado, em direção ao rio. Podia se ouvir o murmúrio forte da corrente feroz. Não havia opção: ele tinha de arriscar a travessia, do contrário teria de voltar ou pernoitar no mato.
Conta o padre, nas suas memórias:
"Puxei do meu terço e recomendei ao Anjo da Guarda, pedindo que ele guiasse a minha mula e que ela não desse qualquer passo em falso."
Como nos cultos dos luteranos os fiéis não se ajoelham, havia uma anedota na época. Diziam os luteranos que numa situação de grande dificuldade na travessia do rio, um padre esclamou:
- Salve-me, Nossa Senhora!
Foi a sua perdição, pois ouvindo isto, a sua mula ajoelhou-se e o padre caiu na corrente, sendo tragado pelas águas revoltas.
Ainda no inicio da sua atuação no Caí, o padre Amstad teve, certa vez, teve de atravessar o rio, cujas águas estavam revoltosos devido a uma enxurrada recentemente ocorrida. A travessia foi bem sucedida. Mas um comerciante que assistiu o feito, disse ao padre - tempos depois - que nem que lhe pagassem dez mil réis ele se arriscaria a fazer a travessia naquelas condições.
Noutra ocasião, Amstad percorria uma estreita picada no interior da paróquia de Nova Petrópolis. Estava escurecendo e começou a chover. A visibilidade tornou-se mínima. "De repente, senti-me puxado para trás, pos sobre a cavalgadura, até que tombasse no chão. Parecia que isso tivesse acontecido por um força invisível. De fato, porém, (um galho?) havia se enredado na manga da minha batina, furando-a. Minha alimária, nada preguiçosa naquele instante, continuou sem cavaleiro a sua marcha e eu tive de arrastar-me para frente, por bem 10 minutos, varando o caminho lodoso, até alcançar o portão do potreiro de quem me ia hospedar."

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