
Padre Theodor Amstad era bom de cálculos. Conforme os seus registros, no período de 12 anos em que atuou na paróquia de São Sebastião do Caí, como padre coadjutor, ele percorria 5.000 quilômetros por ano nas suas viagens pelo interior, visitando famílias, dando assistência a doentes, ensinando crianças para a comunhão, rezando missas....
Toda esta quilomentragem ele fazia andando em lombo de burro. A velocidade média desenvolvida pela sua "viatura" era de 7 quilômetros por hora, nos caminhos ruins e escarpados que haviam naquela época. Num ano ele passava, portanto, mais do que 700 horas (quae um mês) sobre a sela do seu burro.
Até o final do século XIX havia muita carência de padres no Rio Grande do Sul. Devido às dificuldades de locomoção, às grandes distâncias a serem percorridas e à falta de padres para atender as colônias (principalmente de padres que soubessem falar alemão), quando o padre chegava a uma localidade toda a vida local era alterada. Havia uma máxima segundo a qual "Se o padre visita as capelas, as Picadas têm feriado."
Mas quando um colono ficava gravemente enfermo, correndo risco de morrer, era necessário avisar o padre, para que ele viesse lhe ministrar o sacramento de extrema unção. A benção dada pelo padre a uma pessoa que está "a ponto de morrer". Por isso Amstad, em cada localidade que passava, deixava uma cópia do seu roteiro de viagem. Para que os familiares de algum enfermo grave o pudessem encontrar, no caso da necessidade extrema.
Foi pela falta de padres principalmente nos primeiros anos da imigração, algumas décadas antes da chegada de Amstad, assim como muitos que não sabiam falar o idioma alemão, que algumas famílias aderiram em algumas localidades para a igreja evangélica. Afinal, ainda hoje o outro idioma pode ser uma barreira ou uma aproximação entre pessoas de diferentes culturas.
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