No livro Weissheimer, obra admirável de Egídio Weissheimer, podemos acompanhar - de forma viva e humana - a saga de uma família de imigrantes alemães:
Em junho de 1825, Jakib começou sua viagem, junto com a esposa Magdalena, a filha pequena e a criada. A viagem até o porto alemão de Hamburgo, feita em carruagem puxada por burros, durou mais de 30 dias. Em média, foram percorridos 20 quilômetros por dia. Em Hamburgo, os emigrantes ficaram hospedados num velho moinho que fora alugado pelo major Schaeffer para esta finalidade. Foi ali que Magdalena deu à luz o seu segundo filho: um menino que recebeu o nome de Adam.
O navio que os levaria ao Brasil era um veleiro de três mastros chamado Kranich. No dia 3 de outubro, depois de quase três meses de espera no porto de Hamburgo, o navio finalmente começou a sua viagem. Logo que o navio chegou ao mar, fortes ventos fizeram com que ele balançasse intensamente e muitos dos passageiros sentiram-se mal. Tinham náuseas que os faziam vomitar tudo que comiam. As mortes não tardaram a acontecer. No oitavo dia de viagem, morreu uma menina de nove anos. Três dias depois morria um menino recém nascido, com apenas três meses. No dia seguinte morreram um menino de um ano e meio e um homem com 61 anos. Entre as vítimas da viagem acabou falecendo também a filha de Jakob e Magdalena, a menina Ana Maria, que tinha apenas dois anos e meio de idade. O seu corpo, como os dos demais falecidos em viagem, foi enrolado num lençol branco e, depois de um ritual em latim celebrado pelo capitão do navio, lançado no mar.
Com o tempo os passageiros foram se acostumando com o balanço das ondas e as mortes deixaram de ocorrer. E aconteceram alguns nascimentos, compensando as perdas sofridas. A viagem transcorreu normalmente, apesar da precariedade das acomodações e dos problemas com a água potável, que era levada em quantidade suficiente no navio, mas que apresentava problemas de má conservação devido ao forte calor que enfrentavam no clima quente da região para a qual o navio se destinava. Esta viagem foi, na verdade, uma das mais tranqüilas e bem sucedidas de todas as que foram realizadas para trazer os colonos naquela época.
Foi só no dia 19 de janeiro de 1826, depois de 109 dias de viagem que a terra firme foi, finalmente, avistada. No dia seguinte aconteceu o desembarque, no Rio de Janeiro.
A viagem para o sul, feita por mar em barcos menores, só aconteceu duas semanas depois. Os Weissheimer, juntamente com outros colonos totalizando 100 passageiros, viajaram na sumaca Americana, que partiu do Rio de Janeiro em 5 de fevereiro. E a chegada a Porto Alegre dever ter ocorrido no fim do mesmo mês. No dia 7 de março foi realizada a terceira etapa da viagem. Levados em diversos lanchões (pequenos barcos movidos a vela} os colonos subiram o Rio dos Sinos até o Passo, nome como era conhecido na época o local onde se situa a cidade de São Leopoldo. Dali eles ainda foram levados, em carretas, até o prédio no qual os colonos ficariam alojados, já na Real Feitoria do Linho Cânhamo. A longa viagem havia acabado. Nove meses haviam se passado desde que os Weissheimer haviam deixado a sua casa na Alemanha.
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