sábado, 9 de janeiro de 2010

785 - Por onde os italianos chegavam a Caxias

Foto: by Jakza, divulgada no Google Earth
Moinho colonial, construção típica das antigas colônias alemãs na região serrana

Foi em 1874, ainda nos tempos do imperador Dom Pedro II, que os primeiros colonos italianos chegaram ao Rio Grande do Sul. Eles vinham da região italiana do Vêneto (cuja capital é Veneza). Chegavam a Porto Alegre e depois, de barco, pelo rio Caí, iam para São Sebastião do Caí. Então um vilarejo perntencente ao município de São Leopoldo. Dali para diante seguiam até a região da serra gaúcha, onde o governo imperial brasileiro lhe reservara terrenos.
Seguiam por uma estrada que margeava o rio Cai. Certamente, muito precária naquela época, mas que lhes permitia chegar, caminhando ou em carretas. Passando por Feliz e Vale Real, os imigrantes chegavam até as imediações de Vila Cristina. Localidade que hoje pertence ao município de Caxias do Sul. Antes um pouco de se chegar a Vila Cristina, encontra-se a barra do arroio Pinhal no rio Caí. Ali, antigamente, a estrada Rio Branco subia a serra, chegando ao antigo Campo dos Bugres, local onde hoje se encontra a cidade de Caxias do Sul. A distância entre a Barra do Arroio Pinhal e Caxias do Sul, em linha reta, não chega a 15 quilômetros. Mas, naquela época, não havia estrada para fazer este trajeto. O que existia era apenas uma picada, um caminho estreito no meio do mato, pelo qual só se passava a pé.
Os primeiros colonos italianos foram acentados ainda no Vale do Caí, em Vila Cristina. Agrimensores e engenheiros trabalharam, em seguida na medição de novos lotes (áreas de terra) que foram entregues aos colonos imigrantes, e na melhoria de condições do caminho, que aos poucos foi sendo transformado numa estrada. Um prolongamento da Estrada Rio Branco.
Junto à estrada foram se instalando novos colonos que iam chegando. E formaram-se, assim, três localidades que receberam os nomes de Primeira Légua, Segunda Légua e Terceira Légua. A légua, medida de distância utilizada na época, equivalia a 4,83 quilômetros. Depois disto, já com a estrada em condições de ser percorrida por mulas cargueiras (que levavam até 120 quilos de carga) os colonos foram se estabelecendo na região da atual cidade de Caxias.
A subida da serra pela Estrada Rio Branco era muito íngreme. Por isto, posteriormente, foi construída a BR-116, cuja inauguração ocorreu em 9 de novembro de 1941. Depois disto, a estrada Rio Branco, no trecho de subida da serra, foi abandonada, chegando a ser tomada pelo mato. Mais recentemente foi reaberta, sendo conhecida hoje como Estrada dos Imigrantes.
Em 1875, quando os primeiros colonos italianos a percorreram, a estrada só permitia a passagem de pessoas a pé e de mulas com carga. Em 1877 já era possível passar com comboios (ou tropas) de mulas cargueiras. Era comum um tropeiro conduzir dez mulas que, ao todo, levavam mais de 1.000 quilos de carga. Somente a partir de 1890 a estrada, já melhorada, passou a permitir a passagem de carretas.
Em 1875 o governo provincial apressou a criação do município de São Sebastião do Caí, para que ali fosse instalada a administração da colônia italiana na sua fase inicial. Neste período, o Caí foi a cidade mais próxima e sede municipal da região colonial próxima ao Campo dos Bugres (Caxias do Sul). No Caí havia funcionavam, além da prefeitura, órgãos públicos como a delegacia e o fórum, aos quais os colonos italianos podiam recorrer.
Mais detalhadamente, pode se dizer que do porto do rio Caí, em São Sebastião do Caí, os colonos seguiam pelo atual centro da cidade, tomavam a estrada que hoje corresponde à avenida Osvaldo Aranha, seguindo depois pelas localidades de Várzea da Vila Rica, Rio Branco, Caí Velho, Bela Vista e Vigia, chegando até Feliz. Não havia ainda a ponte de ferro, construída em 1900, e os imigrantes atravessavam o rio Caí pelo Passo da Boa Esperança, situado junto ao centro da atual cidade de Feliz (junto à ponte). Depois os imigrantes seguiam do atual centro da cidade de Feliz para o bairro Vila Rica, chegando à atual cidade de Vale Real. O professor Pedro Christ, grande conhecedor da história da região, conhece o traçado de uma estrada que existia antigamente pelo lado esquerdo do rio (considerando-se o sentido em que correm as águas do rio), que também poderia ter sido usado pelos antigos imigrantes. Depois do Vale Real, vem a localidade de Arroio do Ouro (ou a de Linha Temerária, se o caminho for pela margem esquerda do rio Caí). E, adiante, a de Linha Cristina. Um pouco antes do centro de Vila Cristina, dobra-se à esquerda, no local onde existe uma ponte sobre o arroio Pinhal e, próximo, um hotel e uma grande floricultura. Logo antes da ponte, começa a Estrada dos Imigrantes, dobrando-se à esquerda. Ela acompanha o curso do arroio, aproveitando seu vale para subir a serra até Caxias do Sul.


Nenhum comentário:

Postar um comentário