Com a construção da Barragem Rio Branco, foi possível chegar com barcos de porte considerável até o porto da cidade de São Sebastião do Caí. Adiante do porto do Caí, rio acima, a navegação com barcos grandes ficava impossibilitada, mesmo com a barragem, devido à existência de três cachoeiras. A primeira delas, situada onde hoje existe a ponte ligando o Caí a Pareci Novo e Harmonia; a segunda é conhecida como Cachoeira da Ana Maria. Este nome se deve ao fato de que próximo a ela residia uma senhora com este nome, descendente de José dos Santos Borges, um dos pioneiros da colonização no Vale do Caí, que ali se estabeleceu em 1806. A terceira cachoeira, situada um pouco acima da Ana Maria, é a cachoeira do Pagaes. Nome de um antigo morador do local (Raimundo Pagaes, que foi pai de Danilo Pagaes que, durante décadas, prestou serviço de socorro com guincho nas estradas da região).
Acima desse trecho encachoeirado a navegação era mais viável até Bom Princípio, onde havia um atracadouro no Passo Selbach, situado um pouco antes da atual ponte da RS-122. Acima dali, o rio tem muitos pontos em que é muito raso e encachoeirado. Mesmo assim, até a Feliz e mesmo ao Vale Real e além, a navegação era possível quando o rio estava cheio. Quando o nível é baixo, a dificuldade é grande mas é possível navegar em qualquer tempo com o uso de pequenas embarcações (os caícos). Mas em cachoeiras, é preciso carregar a embarcação pela margem do rio. Ou, pelo menos, as pessoas saírem da embarcação e retirar a carga para passar com o caíco por uma corredeira.
Proceder assim não parece ser nada cômodo, considerando-se nosso atual entendimento. Mas ocorre que, no passado, não existiam estradas na região e as picadas (caminhos no meio do mato) eram difíceis de percorrer, além de oferecerem perigos. Até a década de 1870 havia até mesmo o perigo de ataques por índios e por feras como a onça (então chamada de tigre). Por isso a navegação pelos rios e arroios (especialmente o Cadeia, o Maratá e o Forromeco) eram a melhor opção de transporte existente até essa época. E elas só foram perdendo a sua utilidade, graças à construção de estradas, por volta da década de 1940. No rio Caí, até o porto de São Sebastião do Caí, a navegação foi bastante utilizada ainda nos anos 50. E mesmo nos anos 60 ainda chegavam ao porto do Caí barcos de bom porte transportando mercadorias entre esta cidade e Porto Alegre. Com a decrescente utilização do rio, já que as mercadorias eram melhor transportadas por caminhões através de estradas, foi sendo relaxado o trabalho de dragagem do rio (que antes era feito regularmente) e a conservação da barragem, que acabou ruindo. Hoje só é possível chegar ao Caí com um barco grande quando o rio está cheio. Como ocorreu em 2004, numa proeza promovida pelo prefeito Léo Klein, às vésperas da eleição daquele ano. O barco era uma draga, com a qual o prefeito esperava - fazendo a dragagem do rio - diminuir a intensidade das enchentes. E era um barco grande.
A façanha rendeu votos para a reeleição do prefeito, mas não resolveu o problema das enchentes. Pelo fato do barco ser grande, não houve condição de navegar com ele depois que as chuvas pararam e o nível do rio baixou. A dragagem só pode ser feita num pequeno trecho no qual o rio apresentava profundidade suficiente para o deslocamento do barco.
Foi muito útil ler sobre as cachoeiras...Quero pescar numa delas...
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