Quando tinha 49 anos, Bernardo Padeiro chegou à conclusão de que precisava parar de beber. Seu peso havia diminuído de 80 para 62 quilos. Continuava com barriga, mas o resto do seu corpo estava extremamente magro. Então percebeu que, se não parasse com a bebida, o seu destino seria a morte. Foi desenganado pelos médicos e chegou a recomendar à mulher que, em caso de morte, ela encarregasse o doutor Orestes Lucas de fazer o inventário.
Mas Bernardo reagiu. Resolvido a enfrentar o problema, falou com o Doutor Cassel e o médico providenciou a sua internação no Hospital Sagrada Família. Ficou internado quatro dias, sem poder beber. Foi muito duro, mas ele aguentou e, de 1981 em diante, nunca mais consumiu bebidas alcoólicas.
A inclinação para a bebida que vinha se manifestando desde 1952, piorou muito depois que Bernardo foi demitido da Padaria Laux, na qual havia trabalhado por quase 30 anos. Depois disso, passou a trabalhar na roça, na pequena chácara que havia adquirido no Chapadão. Mas, assim como o seu cavalo Segredo, sentiu muita falta daquele trabalho que lhe permitia ter contato intenso com as pessoas e participação forte na vida da cidade.
Depois de curar-se do vício, Bernardo sentiu-se como se houvesse nascido de novo e retornou ao trabalho de padeiro. Desta vez trabalhando para a padaria Ki Pão, de Giovani Lauxen.
Outras pessoas que, como ele, haviam exagerado na bebida, não tiveram a mesma sorte. Em 1982 Bernardo foi à tenda do Reinaldo Caetano, que ficava ao lado da Churrascaria União. Reinaldo tomava cerveja e Bernardo pediu um refrigerante. Pouco depois o proprietário da tenda sofreu um acidente mortal dirigindo o seu carro.
Entre os conhecidos de Bernardo que, como ele, caíram no vício, vários tentaram se livrar dele mas não conseguiram. E todos esses hoje estão mortos. Mas houve também o caso de Olinto Berwanger, que era funcionário da prefeitura e conseguiu se livrar da dependência alcoólica. Mesmo assim ele morreu quando andava pela RS-122, de charrete, e foi apanhado por um caminhão. Veículo possivelmente dirigido por um motorista alcoolizado.
Naquela época a RS-122 passava por dentro da cidade. O movimento era intenso e veloz. O que fez com que dezenas - talvez centenas - de caienses morressem atropelados. Inclusive um bom número de alcoolistas. Chamou a atenção do caso de um deles, que se chamava João Carlos Caetano. Ele, que era conhecido pelo apelido de Fim Fim, foi atropelado nesta rodovia várias vezes e sobreviveu a esses acidentes até o quinto atropelamento, que lhe foi fatal.
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