sábado, 17 de julho de 2010

848 - Segredo assume as rédeas

Normalmente, era Bernardo que dirigia a carroça. Mas nem sempre

Bernardo saía do bar totalmente embriagado. Por sorte o cavalo, acostumado a cumprir sempre o mesmo roteiro, sabia o caminho de volta e levava a carroça e o padeiro até em casa, sem problemas.
No caminho, o Segredo ainda parava no armazém do Kremer (perto da atual fábrica de estruturas de concreto Supercol). Ali Bernardo descia e tomava mais uns copos.
Naquela época a RS-122 ainda não era duplicada e o movimento intenso na pista estreita deixava a rodovia muito perigosa. Muita gente morria em acidentes. Atravessar a faixa, quando Bernardo estava bêbado, era um enorme perigo. Mas ele deixava a tarefa por conta do cavalo. Segredo esperava o momento certo para fazer a travessia sem risco. E nunca aconteceu nada.
Certa vez, como já estava muito bêbado, Bernardo não desceu da carroça na frente do armazém Kremer. E o cavalo, por decisão própria, seguiu o caminho, levando o padeiro para casa, em segurança.
No dia seguinte, quando Bernardo cumpriu a sua habitual parada no armazém, Reinaldo Kremer lhe perguntou:
- Ué! O que aconteceu ontem que tu não quis descer?
E Bernardo, não querendo reconhecer o ponto a que o vício já o levara, despistou:
- É que tinha uns caras aí com quem eu não me dou bem.
Nessa fase, Bernardo chegava em casa tão bêbado que ia direto para a cama e, ao acordar no dia seguinte, não se lembrava de haver desamarrado o cavalo. Preocupado ia olhar como estava o seu amigo equino e se sentia aliviado ao ver que ele estava bem. Mesmo “podre de bêbado” o padeiro não deixava de cumprir a tarefa de desencilhar seu amigo Segredo.

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