Bernardo teve vários cavalos. Mas aquele que o acompanhou por mais tempo se chamava Segredo. Eles trabalharam juntos por aproximadamente 20 anos. Sempre bem tratado - com respeito e amizade - Segredo viveu 43 anos. O padeiro, seu cavalo e a carroça formavam um trio famoso na cidade. A ponto de que, quando Bernardo deixou de trabalhar na Padaria Laux & Rangel, Dary Laux (proprietário da padaria) deixou para Bernardo a carroça e o cavalo.
Depois disso, Bernardo continuou trabalhando na entrega de pão para outras padarias. Primeiro na Ki-Pão, de Giovani Lauxen, situada na rua Padre João Wagner. Depois na padaria Vila Rica, de Roberto Stockmann, que sucedeu a padaria de Dary Laux. E, mesmo em idade avançada, Segredo continuou trabalhando com o padeiro. Só parou quando a entrega de pão em carroça tornou-se totalmente inviável e Bernardo, em 2005, desistiu da atividade.
Aposentado, Segredo foi solto no potreiro de uma chácara, mas ele definhou rapidamente e morreu pouco tempo depois. O chacareiro, que cuidava dele, comentou que o cavalo havia morrido de saudade. Segredo, afastado do seu trabalho, foi entristecendo. Solitário, o cavalo ficava todo tempo olhando para a estrada pela qual andou, sua vida inteira, ao lado do amigo padeiro. Passavam por sua mente - certamente - as lembranças do tempo em que ele fora útil e estimado.
O armazém Bennemann, no bairro Rio Branco, era o último ponto de entrega de pão. E ali Bernardo, que na época havia desenvolvido o vício da bebida, costumava parar e tomar uma cachaça ou conhaque. Naquele armazém, já com o seu serviço do dia concluído, ele ficava muito tempo conversando e bebendo. Enquanto isso, Segredo ia, com carroça e tudo, tomar água no arroio Três Mares, que fica próximo.
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