domingo, 29 de agosto de 2010

972 - Respingos da Revolução Federalista

A paz custou a custar para os colonos que povoaram Morro Reuter

"Como no período farroupilha em relação a bandos que aproveitavam a confusão da guerra para matar e roubar, os seguidores da visionária Jacobina Maurer eram descritos nos relatos dos colonos com bandidos. Nos púlpitos, os padres católicos e os pastores luteranos condenavam os seguidores fanáticos da santarrona diabólica. Ainda hoje, correm histórias de Mucker invasores, que vinham às localidades morroreutenses para saquear propriedades. Há inclusive uma lenda: nas mesmas cavernas cavadas pelos bugres nas rochas de Morro Reuter existiria um tesouro, fruto das pilhagens dos capangas enviados por Jacobina.

No Walachai, alguns colonos se arriscaram a caminhar até Sapiranga, por causa da fama de curandeira da líder da seita. Voltaram decepcionados. Contaram que, na hora da consulta, os homens eram beijados por Jacobina. Os moradores do Walachai se apavoraram mulher casada beijar assim era pecado mortal. Ninguém mais se atreveu a procurar no Ferrabrás.

Outro episódio em que a ação de bandidos se confundiu em Morro Reuter com os conflitos políticos é o da Revolução Federalista, entre 1893 e 1895. A guerra civil de maragatos contra pica-paus, que deixou mais de 10 mil mortos, cerca de mil por degolas sumárias, envolveu colonos alemães, principalmente nas regiões do Rio Pardo, do Alto Taquari e do Caí. Houve enfrentamento em localidades com Estrela, Lajeado, Encantado, e Venâncio Aires. Mas sempre foram embates de pequeno porte, se comparados com as batalhas fratricidas de regiões mais distantes, principalmente na Campanha Gaúcha, em que morriam centenas de combatentes de cada lado.

Entre os morro-reutenses, os efeitos da guerra perdida pelos maragatos viraram, de novo, um caso de bandidagem. Depois da paz assinada em Ponche Verde no dia 25 de agosto de 1895, um personagem semelhante ao Menino Diabo dos tempos farroupilhas apareceu para apavorar as localidades de Morro Reuter. Foi o bandoleiro conhecido como Negro Malaquias, que por alguns meses liderou alguns “maragatos”, ladrões e assassinos sem qualquer ligação com o partido federalista. No artigo A Revolução Federalista e a Imprensa, incluído no livro A Revolução Federalista e os Teuto-Brasileiros (1995), o professor Arthur Blasio Rambo revela que Malaquias teve o mesmo fim do Menino Diabo: “Os colonos do Walachai terminaram eliminando, numa tocaia, o famigerado Negro Malaquias líder do bando que infestou por meses a região.”

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