domingo, 29 de agosto de 2010

974 - Mathias Mombach: o caçador de farrapos

O homem que prendeu o Menino Diabo vivia em Morro Reuter

"Na bibliografia sobre a Guerra dos Farrapos, nenhum autor se refere a grandes conflitos armados ou enfrentamento com baixas significativas na região do Vale do Sinos. As principais batalhas ocorreram em outras áreas do Continente de São Pedro. Mas, em 1º de dezembro de 1845, de volta a São Leopoldo como diretor-geral da colônia, João Daniel Hillebrand divulgou uma relação de pensões a serem pagas para viúvas de 19 imigrantes alemães mortos ao longo da década em que houve guerra, todos os casos isolados, entre 1836 e 1842. Além da perda de vidas e de abalos na economia regional, o maior prejuízo para a colônia alemã talvez tenha sido a interrupção da vinda de novas levas de colonizadores. Só em 1846 foi reiniciado o processo de imigração, com continentes cada vez maiores de pessoas trazidas da Alemanha. É grande a fama de Mathias Mombach, citado por autores como Theodor Amstad, Hilda Flores, Carlos de Souza Moraes e Germano Oscar Moehlecke. Conforme o professor Arthur Blasio Rambo, da Pós-Graduação em História da Unisinos, Mathias foi soldado da guarda pessoal de Napoleão Bonaparte antes de vir para o Brasil. Resolveu viver como uma espécie de eremita no Walachai, a partir de 1829. Nessa época, estava com cerca de 60 anos, pois todos os textos referem-se a ele como um guerreiro veterano, que depois de uma carreira militar na Europa se tornou alferes da Guarda Nacional a serviço do Império brasileiro. Sob o comando de Hillebrand, quando tinha quase 70 anos, Mathias chegou a ser chamado de caçador de Farrapos.

No livro O Colono Alemão (1891), Carlos de Souza reproduz o texto original em espanhol de um relato feito pelo político argentino Juan María Gutierrez, que em 1844 conheceu a casa de Mathias Mombach, na mata virgem do Walachai: “As peças principais são de madeira de cedro, dispostas para se defender dos índios selvagens. Ao entrar naquelas peças senti uma fragrância que logo soube a que atribuir: vinha da madeira de cedro, único material empregado na construção daquela espécie de arca consagrada ao abrigo de um ancião (Mombach), que foi soldado do imperador Napoleão e hoje é alferes do imperador Dom Pedro II. Um arroio claríssimo corre sobre o chão pedregoso a meia quadra do prédio. Quem é íntimo da casa pode encontrar todo o necessário nos domínios do alferes Mombach: espingardas, cachorros, a companhia de um dos seus filhos. E, a poucos passos, um tigre negro, um javali, um veado, a escolher”.

Como revela Germano Oscar Moehlecke no livro Os Imigrantes Alemães e a Revolução Farroupilha (1986), o nome de Mathias Mombach aparece em vários documentos administrativos da época. Num ofício de 16 de dezembro de 1840, o comandante Hillebrand requisitou o alferes Mathias para fazer parte da resistência permanente da Companhia de Voluntários Alemães. E, numa prestação de contas do Quartel do Comando-Geral de São Leopoldo, em 2 de julho de 1843, é declarado que Mathias ganhava com alferes um salário mensal de 50 mil réis, com soldo e gratificações. Quase um terço dos vencimentos do coronel Hillebrand, que recebia 183 mil réis mensais."


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