sexta-feira, 9 de março de 2012

1335 - Passo Selbach, a vau ou de barca

Quando o rio estava cheio, era impossível passar de carro pelo Passo Selbach e os motoristas tinham de fazer uma grande volta para cruzar o rio na ponte de Feliz (foto)
Até a década de 1960, havia uma barca no local denominado Passo Selbach. Ela facilitva a travessia do rio Caí para quem ia do Caí Velho ou da Bela Vista para Bom Princípio.
Ali, quando o rio estava baixo, era possível passar de carro ou a cavalo, sem que o cavaleiro ou o motorista se molhasse. Cavalos ou veículos entravam diretamente nas águas do Passo Selbach. O rio ali  era muito baixo e o estribo do carro assinalava os limites da altura de água que o carro era capaz de enfrentar.
A estrada que existia adiante do Passo Selbach passava por  Bom Princípio, que fica logo adiante, e seguia por Santa Lúcia, Santa Terezinha e Piedade, até chegar em São Vendelino.
Adiante, de forma sinuosa, ela seguia até Bento Gonçalves.
Arno Carrard, que viveu sua infância e juventude em Bom Princípio, guarda viva lembrança da barca.
Primitivamente, ela tinha seu trapiche fixado um pouco mais a montante (rio acima). Depois, houve uma retificação e o deslocaram alguns metros a jusante. 
Em dias com as águas normais, a tração da balsa era feita com um cabo de aço acionado com um pequeno cabo manual feito de madeira.  A balsa simplesmente ia para a outra margem, sem sinuosidades.  
Mas, em dias de enchente, era acionado outro cabo, que ficava suspenso bem no alto. Usava-se, então, uma longa corrente  e  soltava-se a ponta da balsa para ela se amoldar à correnteza. Ela chegava a dançar sobre as águas. Fazia uma longa volta e, aos poucos, retomava o direcionamento para o outro lado. 
Recordo-me bem que a última balsa foi construída na residencia de Manuel Assmann, conhecido por "Manec", sendo que o meu pai (Armindo Carrard) foi o coordenador do trabalho. O que fez de forma voluntária. 
Recordo-me, ainda, de ter sido chamado para mergulhar e  fixar a corrente no chassi de um caminhão que caiu nas águas bastante profundas. Isso aconteceu numa das manobras em que o veículo extrapolou o espaço e emborcou para dentro do rio. 
O barqueiro de então, pertencente à família Einzweiller, era um exímio nadador. Foi em socorro do motorista e o empurrou até a margem. Mas, inexplicavelmente,  acabou se afogando.
Foi uma das muitas mortes que aconteceram nesse e em outros passos do rio Caí.
Excepcionalmente, quando as águas se elevavam demasiadamente, os motoristas do ônibus da Empresa São Vendelino e outros carros,  avaliavam o risco e resolviam dar uma longa volta para evitar o perigo da travessia. Retornavam ao centro de Bom Princípio, atravessavam a ponte do Forromeco existente no centro da localidade, seguiam pelo Bom Fim, chegando ao centro de Feliz. Ali eles passavam pela ponte de ferro e seguiam no sentido inverso, para Escadinhas, Bela Vista, passando perto do Passo Selbach (na outra margem do rio) e chegando ao bairro caiense do Rio Branco. 
Os ônibus primitivamente serviam parte para carga e parte para passageiros. Posteriormente mantiveram transporte exclusivo para passageiros.


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