O caminhoneiro ficou quase cinco dias preso às ferragens do seu caminhão até ser encontrado por seu pai e dois amigos vindos de Harmonia |
No dia seguinte, a família e os colegas da empresa ficaram preocupados, pois não conseguiam contato com ele por telefone. O tempo foi passando, e a preocupação aumentando, até se transformar em desespero. Contatos feitos com a polícia de São Paulo por telefone informavam que não foi registrado nenhum acidente no percurso que Renato teria de seguir para vir ao Rio Grande do Sul. O que não chegava a ser motivo de alívio, pois fazia temer que o caminhão houvesse sido roubado. Neste caso, o motorista poderia estar morto ou amarrado no meio de algum mato. Procedimento usado normalmente pelas quadrilhas que roubam caminhões.
Renato é caiense e mora no loteamento Nova Rio Branco, com seus pais e outros parentes. Além da família, também os donos da empresa Metz e seus funcionários estavam preocupados com Renato. E a aflição foi aumentando na medida que o tempo passava e nenhuma notícia chegava. O telefone de Renato não respondia.
De harmonia, Cristina Metz, administradora da empresa, usava o telefone e a internet para divulgar o desaparecimento e buscar informações.
Os proprietários da fazenda de deixaram claro que a hipótese do assalto não era a mais provável. Passou-se a considerar, então, a hipótese de um acidente no qual o caminhão houvesse caído num barranco e entrado no mato, sem que isso fosse percebido por outros transeuntes da estrada.
Cristina descobriu que Renato havia passado, com o caminhão, pelo posto de fiscalização de Itararé, situado na divisa de São Paulo com o Paraná. E também que ele não chegou ao posto seguinte, em Jaguariaíva. Foram feitos muitos contatos com as autoridades locais, mas nada de positivo foi obtido. A polícia não dispunha de recursos para fazer uma busca ao longo deste trecho da estrada, que tem 54 quilômetros.
Ainda na segunda-feira, um dos donos da empresa, Tiago Metz, resolveu ir até São Paulo para procurar por Renato. Mauro Rohr, que já foi motorista e hoje é gerente da empresa, se prontificou a ir junto. Saíram na madrugada de terça, levando também o pai de Renato, seu Arzelino, de 74 anos. O grupo chegou a Itararé na noite do mesmo dia e começaram a busca no dia seguinte: terça-feira.
O trecho da estrada, entre Itararé e Jaguariaíva, é de 54 quilômetros e é muito perigoso, com muitas curvas e barrancos altos nas margens.
Tudo levava a crer, portanto, que o acidente ocorreu no trecho da estrada que liga essas duas cidades. Mesmo assim, a tarefa do trio era muito difícil, pois esse trajeto tem 54 quilômetros de extensão. Foi pedida ajuda à polícia, mas nada foi conseguido. Ela já havia feito buscas pela estrada, sem nada encontrar. Lá, como aqui, a polícia carece de pessoal e de recursos para fazer o seu trabalho.
Quem ajudou foi o dono da fazenda, de Avaré, que mandou um grupo de funcionários para auxiliar nas buscas. Enquanto este grupo caminhava pelas margens da estrada, os gaúchos iam de carro, entrando em todas as estradinhas vicinais que haviam no trecho. Era uma missão quase impossível, mas ninguém desistiu.
Eles procuraram até quinta-feira. Já haviam vasculhado as margens da estrada por 30 quilômetros, até que, às cinco e meia da tarde, algo estranho foi visto no meio do brejo. Poderia ser o caminhão. Tiago, Mauro e Arzelino se aproximaram e ouviram um barulho repetitivo. Era Renato que batia na lataria do caminhão, tentando chamar a atenção. Ele estava ali, há quase cinco dias, com as pernas presas nas ferragens do caminhão, mas ainda vivo e consciente.
A chegada do pai e dos amigos - quase um milagre - foi a realização das esperanças de Renato. Ele nunca duvidou que seria salvo, mas a sua preocupação aumentava porque o caminhão havia caído dentro de um riacho e, devido às chuvas, o nível da água estava aumentando, chegando até o seu pescoço.
Angustiados com o que poderia ter acontecido com Renato, os familiares estavam reunidos na casa da família, aguardando notícias quando tocou o telefone. Era Tiago Metz transmitindo a boa notícia. Foi uma explosão de choro e de risos, pelo fim da espera torturante.
Os bombeiros paranaenses trabalharam quase quatro horas para liberar Renato das ferragens e conduzi-lo ao hospital mais próximo. Felizmente ele não sofreu nenhuma fratura e os ferimentos não foram muito graves. Renato permanece hospitalizado e será removido para o Rio Grande do Sul em ambulância tipo UTI Móvel devendo chegar neste final de semana.
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