A cultura européia foi implantada no meio da floresta, no vale do arroio Cadeia |
O vovô, no fim do século XIX, reclamava da frivolidade imperante naquela época, se comparado com o espírito austero e ao fervor religioso dos seus antepassados.
Maria: “Mas Vovô, naquela época as gurias não eram enfeitadas também com fitas de seda aos domingos, igual a Leninha do vizinho, e não tinham todos esses adereços e vestidinhos de mangas fofas, com as que eu vi na Páscoa lá na Picada?
Ana Catarina: “E os cabelos eriçados, Vovô, as cabeleiras e os rabos de cavalo, também já eram moda naqueles tempos?”
Vovô: “Suas crianças ingênuas e bobinhas, até parece que vocês gostam dessas novidades. Não, graças a Deus naquele tempo não existiam aquelas modistas com formação acadêmica, que desfiguravam as pessoas, criadas à semelhança de Deus. O mesmo vestuário liso e simples, trazido da Alemanha, serviu ainda por muitos anos como roupa domingueira. Todas as roupas novas eram costuradas pela mãe de acordo com os velhos moldes alemães. Se uma filha de colonos tivesse se apresentado com essa roupagem carnavalesca na moda de agora, certamente teria sido vítima de caçoadas.
E as damas com cabelos enrolados, coques empolados e com outras modas esquisitas teriam se enroscado no primeiro galho, tal como o Absalão do Antigo Testamento. E o nosso primeiro padre, o Padre Johann, não teria nem olhado para elas. Às vezes ouço ainda hoje a prédica sobre os cabelos longos e as ideias curtas, que ele proferiu quando algumas moças ousaram ir à igreja sem o véu na cabeça.
Vejam, crianças, mesmo que nós colonos não conseguíamos representar muita coisa naqueles tempos, com os homens se apresentando em calças e camisas de mescla e as mulheres em vestidos simples de chita, talvez tenhamos celebrado o domingo muito melhor do que hoje muitos jovens, entre os quais muitos guris, ao invés de irem à igreja, vão caçar, e as gurias, ao invés de irem à igreja rezar, vão até lá para desfilar a última moda.
Olhem, nos primeiros tempos sempre nos mantivemos unidos e isso foi muito bom, pois isso e também a religião nos manteve vivos, rogando sobre nós as bênçãos e a proteção do nosso Deus. Nunca trabalhamos nos domingos e dias santos. Nem mesmo no tempo da colheita do feijão, do qual não plantávamos muitos sacos, e nem mesmo muitas quartas; no máximo a quantidade que cabia numas xícaras.
Texto traduzido do alemão disponibilizado por Hari Klein
Foto do acervo de Moacir Johann
Texto traduzido do alemão disponibilizado por Hari Klein
Foto do acervo de Moacir Johann
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