quarta-feira, 3 de julho de 2013

2255 - São Sebastião do Caí - Capelas da paróquia de São José do Hortêncio

Esta foto é da época em que Teodor Amstad escreveu o texto em que 
descreve uma viagem que ele fazia constantemente, visitando 
as capelas 
da paróquia de São Sebastião do Caí e da sua vizinhança
Vamos agora atravessar de volta o Rio Caí e fazer uma rápida visita a São Sebastião do Caí, que prospera esperançosa. 
Chegando ali, temos de ter uma postura mais urbana e cortês, e quando chamamos a esta imponente vila como uma ex-filial de São José, aquela simples picada de camponeses, precisamos temer que os guardiães e protetores de São Sebastião nos recusem a entrada. 
No entanto, São Sebastião do Caí, que antigamente era conhecida como Porto do Guimarães, ficou durante décadas sob a tutela civil e religiosa de São José. Se estivermos corretos, a primeira família foi da Família Santos, e a casa de José dos Santos, que ainda existe, já teria sido construída em 1806, isto é, logo poderá festejar seu centenário. (1)
Conforme nos conta José dos Santos, naquela época era costume que, no período da Páscoa, a família inteira viajar de lancha até Porto Alegre para se desincumbir de suas obrigações da Semana Santa e, depois de feitas as compras necessárias, voltar para casa. 
Como vimos, o comércio da Picada Feliz, quando de seu surgimento, ainda não ia para a Praça (São Sebastião), mas  para a Picada Portuguesa (2) e apenas na década de 50 foram construídas algumas casas no local da atual São Sebastião. 
Aos poucos, intensificou-se o tráfego sobre o Rio Caí, abrindo-se caminho Caí acima, e partindo do Michel Ledur (3), atravessando o Chapadão, o caminho seguia até São José. Já os primeiros párocos (de São José do Hortêncio), Padre Johann e Padre Michael Kellner vinham a Porto do Guimarães de vez em quando, onde liam missa em várias casas, mas com frequência maior na casa do velho Antonio Guimarães e, mais tard,e na casa de Lino dos Santos, onde o altar utilizado é guardado até os dias de hoje. 
Durante algum tempo havia uma capelinha provisória onde agora é a escola dos padres (4), onde o Reverendíssimo Bispo fez a primeira Comunhão, em 1873. No mesmo ano circulou o boato de que a Assembleia pretendia transferir a sede da Paróquia de São José para Porto Guimarães. 
Isso, naturalmente, causou um grande susto na Picada, e o Padre Blees, acompanhado do velho Daniel Kolling, Nikolaus Bach e Bauer se puseram a Porto Alegre para resguardar São José, tão cara, do perigo que rondava. 
Conseguiram seu intento, de modo que a sede da Paróquia não foi transferida e ainda foi criada a nova Paróquia de São Sebastião, que abrangia a circunscrição da atual Paróquia de São Sebastião e a de Nova Petrópolis. Para a velha Paróquia São José restaram então a Linha do Hortêncio, a Picada Nova, as 14 Colônias e a Campestre. 
Mesmo que este fato não tenha tido consequência imediata para a Paróquia, permanecendo a administração clerical da mesma forma como havia sido dantes, os dias de esplendor de São José estavam contados, tal como a citação de “os primeiros serão os últimos”. Para Porto Guimarães a elevação para Paróquia teve como consequência favorável as considerações concretas em torno da construção de uma igreja, a qual foi apoiada por subsídios nada desprezíveis por parte do governo. 
Considerando que o Reverendíssimo Bispo Dom Sebastião havia dado à nova Paróquia o seu próprio patronímico como Padroeiro e também presenteou a nova Igreja com um quadro do Padroeiro, a partir de 1878 o local passou a chamar-se São Sebastião do Cahy. 
A nova Igreja foi inaugurada em 15 de julho de 1879 e em 11 de fevereiro de 1881, o Padre Blees assumiu como seu primeiro vigário, com o Padre Michael Kellner como auxiliar (5).
A torre alta foi construída a partir da segunda metade dos anos 80 (1886 – 1887) pelo Padre Carlos Teschauer, uma obra para a qual recebeu do governo a quantia de 3 Contos e que proporcionou àquela cidadezinha rural um aspecto digno.

1- O padre Amstad, autor desse texto foi cauteloso com justa razão. A informação que lhe foi dada por José dos Santos é errônea. O primeiro morador do Caí foi Bernardo Mateus, que ali se estabeleceu por volta de 1793. 
2- São José do Hortèncio
3- Primeiro imigrante alemão estabelecido no Caí, no atual bairro Rio Branco, provavelmente nas imediações da escola estadual José Benneman.
4- Prédio ao lado da igreja, que perdurou até o final do século XX. Demolido para a criação do atual estacionamento ao ar livre, ao lado da igreja.
5- O padre Theodor Amstad, autor desse texto, foi depois o padre auxiliar da paróquia de São Sebastião do Caí.

Texto extraído do periódico Familienfreud Kalender, publicado pelos padres jesuítas de São Leopoldo, atribuído ao padre Theodor Amstad 
Tradução do alemão disponibilizada por Hari Klein

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