quarta-feira, 7 de agosto de 2013

2476 - O Rio Caahy

O rio foi o primeiro caminho, na região, para o transporte
de pessoas e mercadorias
CAA: Floresta, mata verde; HY: rio, corrente de água, na língua guarani. 
O rio que nasce no alto da serra, no município de São Francisco de Paula, e que desemboca na foz do lago Guaíba, outrora corria numa região de densa floresta até o município de Pareci Velho, em sua margem esquerda. Na margem direita, seguia no meio de mata verde até o município de Montenegro. Daí lhe adveio o nome indígena de Caahy, hoje Caí. 
Com a chegada dos primeiros colonizadores, em meados do século XIX, começou a derrubada das matas ciliares para o plantio de milho, abóbora, alfafa e feijão. As terras situadas nas margens do rio eram ricas em humo devido as constantes cheias no inverno, trazendo material orgânico em profusão, como troncos de árvores, galhos e folhas, tornando o solo muito fértil, o que proporcionava excelentes colheitas. Em fins do século XIX, o vale do Caí era o maior produtor nacional de feijão e também se colhiam grandes quantidades de alfafa e milho. 
Antes da chegada dos imigrantes, o rio Caí era mais estreito e profundo, contudo, com o desmatamento de suas margens para a agricultura, houve um intenso desbarrancamento de suas margens, o que ocasionou um assoreamento do seu leito. Assim, devido a este fato, o rio ficou mais largo e menos profundo em alguns pontos por causa da queda de seus barrancos, surgindo, em vários trechos, bancos de areia que ainda hoje impossibilitam a navegação de barcos maiores e permitindo, com isto, em épocas do estio, a passagem do rio a pé. 
Foi no vale do Caí que surgiu a primeira ‘colônia nova’, com a chegada de desbravadores alemães. Estes, que para ali migraram para cultivar terras ainda virgens, eram procedentes tanto da antiga colônia ‘Baumschneiss’ - hoje o município de Dois Irmãos - como de São Pedro do Bom Jardim - hoje Ivoti - e da Linha Hortêncio - hoje São José do Hortêncio -. Antes disso, os movimentos dessa migração eram dificultados pela difícil transposição do arroio Cadeia, o qual cerca estes povoados, devido a não existência de pontes; daí o seu nome ‘Cadeia’. 
Mais tarde, o vale do Caí tornou-se a ‘colônia velha’ e a margem esquerda do rio Taquari tornou-se a ‘colônia nova’, com a sua colonização a partir de 1853 por Vito Menna Barreto e, assim, sucedendo com a criação de novos núcleos rurais. 
O rio Caí foi a primeira via natural da região a ligar o vale à capital do Estado, pois não haviam estradas. Grande número de barcos e chatas navegava pelo rio, escoando a produção agrícola do vale do Caí até Porto Alegre. Em meados do século XX, escutava-se a todo instante o barulho dos motores das ‘gasolinas’ - barcos a motor acionados por gasolina ou querosene - que ora desciam o rio carregadas de alfafa, milho, feijão, etc., ora subiam vazias depois de descarregarem a produção na capital do Estado. 
Em 1895 foi iniciada a construção da primeira eclusa da América do Sul no rio Caí, entre o município de Pareci Novo e a localidade de Pareci Velho. A barragem de Rio Branco foi projetada pelo Engenheiro José da Gosta Gama e concluída em 1906. Em 1929, o Dr. Getúlio Vargas visitou a barragem e iniciaram-se os trabalhos de reconstrução, pois a mesma não funcionava a contento. A reconstrução teve sucesso e o rio pode ser navegado de São Sebastião do Caí até a capital dos gaúchos. 
Segundo estudos gerados pela FEPAM, a bacia hidrográfica do rio Caí, que possui uma área de cerca de 5.057 quiômetros quadrados, correspondendo a 1,8 % da área do Estado, localiza-se ao norte de Porto Alegre, entre o sul do planalto brasileiro e o nordeste da depressão central do estado. 
Seu curso d’água tem uma extensão de 285 km. Sua bacia hidrográfica ocupa quase toda a área de mais de 40 municípios. A população total desta região é de aproximadamente 385.000 habitantes, sendo composta, em torno de 25%, de moradores de área rural e, em torno de 75%, de moradores de área urbana. 
O Caí pode ser dividido em três trechos com características distintas: 
1. Curso Superior: Das nascentes em São Francisco de Paula até a foz do rio Piaí. 
É o trecho com maior declividade e é a porção nordeste da bacia; em região de planalto e em encosta de planalto. O leito do rio neste trecho é confinado numa calha estreita, com margens íngremes, freqüentemente rochosas, e com fortes corredeiras. 
2. Curso Médio: da foz do rio Piai até a cidade de São Sebastião do Caí. 
É a zona central e nordeste da bacia. Há alternância de trechos com escoamento lento e trechos com corredeiras. 
3. Curso Inferior: de São Sebastião do Caí até a foz no lago Guaíba. 
É a parte mais plana do rio e da bacia, assim ele possui maior vazão e adquire menor velocidade, podendo ocorrer refluxo de suas águas principalmente em épocas de estiagem. 
Os principais afluentes do rio Caí são: a) na margem esquerda: Caracol, Guaçú, Mineiro e Cadeia; b) na margem direita: Divisa, Muniz, Macaco, Piaí, Pinhal, Belo, Forromeco, Ouro, Mauá, Maratá e outros.

Texto de José Adalíbio Fell
Foto disponibilizada no Facebook por PabloSane Henz




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