sábado, 14 de setembro de 2013

2713 - O armazém de Cristiano Trein



Essa impressionante fotografia foi feita no primeiro lustro (cinco anos) da década de 1910.
Os prédios que aparecem na foto fazem parte do que é hoje a Escola Estadual São Sebastião e antes foi o Ginásio São Sebastião. Os dois prédios em destaque na foto, e o muro que os unia, fazem frente para a atual praça Cõnego Edvino Puhl. 
A foto foi feita a  partir da rua hoje denominada 13 de Maio, estando o fotógrafo aproximadamente à frente do atual Museu Vale do Cahy.
O prédio em que se vê escrito Asilo Sagrada Família, foi antes o armazém de Cristiano Trein.
A esse comerciante, Helena Cornelius Fortes referiu-se na sua obra Reminiscências, composta em versos. 

Onde hoje está o Ginásio
Cristiano Trein tinha Armazém,
vendia muito a varejo 
e por atacado também.
Um quilo de feijão preto
custava um preto vintém.

Tempos depois, Cristiano Trein
o seu armazém transformou
em fabrica de tecidos
à qual o seu genro gerenciou,
nascendo então nessa terra
a firma que a história marcou.

A firma A. J. Renner
na esquina da praça nasceu
Mudou-se para Porto Alegre
e espantosamente cresceu.
O velho sócio Cristiano 
sentado na esquina morreu.

Sobre Cristiano Trein (na verdade, Cristian J. Trein), Hugo Herman Filho escreveu o seguinte:

"Por volta de 1900, atuavam em São Sebastião do Caí cerca de 140 comerciantes.
Era a terceira localidade mais ativa das colônias, atrás de São Leopoldo e Montenegro.
A Christian J. Trein & Co. era a mais tradicional casa comercial do Caí. Foi fundada
originalmente por Franz Trein em 1847, na Picada Bom Jardim, no interior de São
Leopoldo, tendo progredido a medida que a colonização foi arroteando os vales da
Serra. Em 1867, Trein inaugurou a filial de São Sebastião do Caí, ponto máximo da
navegação fluvial. A filial logo encarnou o centro das operações da família. Em 1876,
passou a casa, cujo patrimônio era avaliado em 50 contos de réis, para o filho Christian
Jacob, que alterou sua razão social.
Ao invés de apenas internar-se nas colônias, Christian Trein procurou desbravar também o caminho contrário, rumo à Capital. Assim, em sociedade com o cunhado, Henrique Ritter Filho, incorporou em Porto Alegre a Cervejaria Ritter. Além disso, em 1898 trouxe para o empreendimento o genro, Frederico Mentz. Juntos, fundaram uma

filial na Capital, em julho de 1907."

Portanto, três filhas de Christian Trein casaram com homens que se destacaram entre os maiores empresários gaúchos da primeira metade do século XX. Os três genros de Christian contaram com o apoio do sogro para o seu desenvolvimento inicial e souberam levar muito mais longe a riqueza dessa família: A J Renner, Frederico Mentz e Henrique Ritter Filho.
Cristian continuou vivendo modestamente no Caí e, conforme nos conta Helena Cornelius Fortes, morreu repentinamente, sentado numa cadeira, no seu armazém. Na esquina da atual rua 13 de Maio com a Marechal Floriano Peixoto.

Foto do acervo do jornal O Município disponibilizada por Lu Bohn 
na sua página no Facebook

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