sexta-feira, 20 de setembro de 2013

2744 - O jovem A J Renner, em Porto Alegre e no Caí

Porto Alegre, em 1900, era uma bela e movimenantada cidade,
com forte presença da colonização almemã
 


Renner permaneceu por cinco anos na Capital (que vivia um período de grande agitação política). Reagiu como normalmente faziam os descendentes de alemães: trabalhou e deixou a política para os outros. Engajou-se, assim, inicialmente como aprendiz






e em seguida como artífice, na joalheria Foernges. Aprendeu ali a dominar o ofício de
ourives. Em 1903, o moço de 19 anos retornou para São Sebastião do Caí e, com o
auxílio paterno, inaugurou uma ourivesaria. Logo em seguida, assumiu noivado com
Matilde Trein, que pertencia a uma dinastia de comerciantes. Com a comemoração das
núpcias, em 1907, Renner converteu-se em sócio da empresa comercial de seu sogro e
cunhados, a Christian Jacob. Trein & Co.
Por volta de 1900, atuavam em São Sebastião do Caí cerca de 140 comerciantes.
Era a terceira localidade mais ativa das colônias, atrás de São Leopoldo e Montenegro.
A Christian J. Trein & Co. era a mais tradicional casa comercial do Caí. Foi fundada
originalmente por Franz Trein em 1847, na Picada Bom Jardim, no interior de São
Leopoldo, tendo progredido a medida que a colonização foi arroteando os vales da
Serra. Em 1867, Trein inaugurou a filial de São Sebastião do Caí, ponto máximo da
navegação fluvial. A filial logo encarnou o centro das operações da família. Em 1876,
passou a casa, cujo patrimônio era avaliado em 50 contos de réis, para o filho Christian
Jacob, que alterou sua razão social.
Ao invés de apenas internar-se nas colônias, Christian Trein procurou desbravar também o caminho contrário, rumo à Capital. Assim, em sociedade com o cunhado,
Henrique Ritter Filho, incorporou em Porto Alegre a Cervejaria Ritter. Além disso, em
1898 trouxe para o empreendimento o genro, Frederico Mentz. Juntos, fundaram uma
filial na Capital, em julho de 1907. Quando Renner integrou-se à firma Trein, esta
administrava também a Empresa de Navegação do Rio Caí, com três vapores, e uma
refinaria de banha, que empregava cerca de 50 funcionários. As seções de exportação dos produtos coloniais e de importação (gêneros alimentícios, sal, tecidos, ferramentas, bugigangas, ferro, máquinas, etc.) eram dinamizadas pela ação permanente de seis
caixeiros viajantes.
Encerrando as atividades da ourivesaria e disposto a assumir posição de relevo
na nova empresa em que tomava parte, Anton Jacob Renner fez-se um daqueles viajantes. O caixeiro era naqueles tempos figura chave na animação das lojas. Singrando
as picadas abertas a facão pelos pioneiros, carregava no lombo das mulas mostruários
ou até artigos manufaturados, miudezas ou produtos alimentícios. Ia parando a cada
sítio, a cada choupana, a cada venda. Agenciava a troca de uma partida de panos, uma
ferramenta, um saco de sal, por um fardo de feijão, ou de milho. Transformava um
relógio, fósforos, um pacote de café ou de açúcar, na mandioca, no toucinho, na batata
que mais tarde o citadino consumiria. Numa economia com indisponibilidade de meio
circulante, a troca era moeda corrente.


Foto do acervo de Hugo Freyler, divulgada no blog Nós Aqui
Texto extraído de A J Renner, Discursos e Artigos, edição da Assembléia Legislativa, coordenação de Gunter Axtt






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