sexta-feira, 20 de setembro de 2013

2745 - Colonização alemã e italiana no Rio Grande do Sul

Garibaldi, ao tempo em que ainda se chamava Colônia Conde d'Eu
Garibaldi foi denominada, inicialmente Colônia Conde d'Eu e foi onde primeiro se instalaram os imigrantes europeus na região da Serra, Dentro do projeto de imigração promovido pelo governo da província, a partir de 1870.
Quando foi criado o município de Moetenegro, em 1873, essa região passou a lhe pertencer. Montenegro, assim como o São Sebastião do Caí, foram municípios criados com o Objetivo de promover a colonização da Serra, até então apenas percorrida por tribos de índios nômades, com a atração de imigrantes europeus. Especialmente alemães, já que esses haviam tido extraordinário êxito na sua ocupação dos vales do Sinos e Caí.
Essa foto é de 1900, quando a colônia já pertencia ao município de Bento Gonçalves, emancipado de Montenegro em 1890. 
Ali se instalaram os primeiros colonos italianos dentro do projeto de colonização promovido pelo governo da província, com pouco sucesso. Em 1874, apenas 74 pessoas, em 19 lotes, viviam na colônia. A partir de 1975, o governo imperial assumiu o projeto de imigração, obtendo maior sucesso.

"A colonização italiana e alemã no Rio Grande do Sul fez parte de um projeto geopolítico do governo imperial brasileiro, que ocorreu no final do século XIX e início do século XX e utilizava a imigração para preencher os chamados “vazios demográficos” do Sul do país. No pós-independência há uma decisão de concentrar a colonização na região sul como uma decisão geopolítica, de consolidação de fronteiras. Neste contexto, os indígenas que ocupavam aquelas terras não eram pensados como nacionais ou brasileiros.
Além dessa função estratégica e geopolítica, a imigração foi planejada como um processo de substituição não só do trabalho escravo pelo trabalho livre, mas principalmente como uma substituição do negro escravo pelo branco europeu em um processo de colonização baseado na pequena propriedade. Nessa perspectiva, a escravidão era vista como uma forma arcaica de produção que não se coadunava com a modernidade, enquanto a colonização era vista como um processo civilizatório.
No início do século XX, com a aceitação em nível oficial da tese do branqueamento que apostava na imigração e na miscigenação como forma de “branquear” a população brasileira, houve um apoio maciço à imigração européia e a defesa irrestrita de uma imigração de brancos oriundos da Europa. Ramos (1994) observa que enquanto a preocupação do Império era aumentar o número de brancos no país a da República era miscigenar os imigrantes com a população mestiça para branqueá-la.
Importa notar que a política imigratória e seus objetivos alteram-se ao longo do tempo como ressalta Carneiro (1950:10):
(...) há a distinguir duas políticas de imigração: (1) a política do governo imperial, criando núcleos coloniais de pequenos proprietários, num prosseguimento da velha idéia colonizadora, inaugurada por D. João VI, com a fundação de Nova Friburgo; e (2) a política dos fazendeiros, que querem imigrantes para a lavoura, à medida que vêem o braço escravo escassear.
Com a lei de terras de 1850 a terra foi transformada em mercadoria e cessou a distribuição gratuita para os imigrantes. Este fato despertou o interesse da iniciativa privada. Assim, ao lado das colônias imperiais e provinciais surgiram colônias particulares (IOTTI, 2001: 24).
As primeiras colônias na encosta superior do nordeste do Rio Grande do Sul, foram as de Conde d’Eu e Dona Isabel, na região onde atualmente estão localizados respectivamente, os municípios de Garibaldi e Bento Gonçalves. Estas colônias foram criadas pela presidência da província em 1870, antes que se iniciasse o processo de imigração italiana no estado. Para ocupá-las, o governo provincial firmou contrato com duas empresas privadas, que deveriam introduzir quarenta mil colonos em um prazo de dez anos.
No entanto, as dificuldades encontradas fizeram com que apenas um pequeno número de colonos fosse assentado. Vários foram os motivos que contribuíram para este quadro. Na Europa Central, e em especial na Alemanha, havia uma prevenção generalizada contra o Brasil, que era visto, especialmente depois da publicação das memórias de Thomas Davatz,[*4] como um local onde os imigrantes sofriam privações.
Além disso, o governo provincial pagava menos para os transportadores do que o governo central, e os imigrantes preferiam ficar no sopé da serra, nas áreas já colonizadas. Por isso em 1874 só dezenove lotes da colônia Conde d'Eu estavam sendo cultivados, com apenas setenta e quatro pessoas vivendo no local. Em função desse quadro, o governo provincial desistiu de administrar a colonização da área e repassou-a para o governo central.
Foi a partir de 1875, sob a administração da União, que chegam as primeiras levas de italianos para Conde D'Eu e Dona Isabel. A área dessas colônias encontrava-se limitada pelo rio Caí, os campos de Vacaria e o município de Triunfo, sendo divididas entre si por um caminho de tropeiros.
Nesse mesmo ano foi criada a colônia Caxias, no local chamado pelos tropeiros que subiam a serra em direção a Bom Jesus de "Campo dos Bugres". Essa colônia limitava-se com Nova Petrópolis, São Francisco de Paula, o rio das Antas e com as colônias de Conde d'Eu e Dona Isabel."

Texto, entre aspas, de Miriam de Oliveira Santos, no artigo A imigração italiana para o Rio Grande do Sul no final do século XIX
Foto do acervo de Ronaldo Fotografia, publicada no blog Porto Alegre, uma história fotográfica.

Comentário de Ronaldo Marcos sobre a foto:
Esta fotografia foi tomada quando a colônia ainda se chamava Conde dEu. O município de Garibaldi foi criado em 1900, quando se desmembrou de Bento Gonçalves. O município de Garibaldi foi criado em 1900 quando se desmembrou de Bento Gonçalves. Este panorama é a fusão eletrônica de duas fotografias tiradas de um mesmo local, no mesmo dia, e mostrapraticamente toda a extensão da colônia naquela época.

Nenhum comentário:

Postar um comentário