terça-feira, 26 de novembro de 2013

3132 - O fervilhante comércio entre o Caí e Porto Alegre.

A proximidade entre o mercado público e o cais do porto não era coincidência.
Eram os barcos vindos do interior dos estado - principalmente das colônias
alemãs - que traziam para a capital os alimentos de melhor qualidade





Os colonos alemães do Vale do Cai contavam com duas vantagens importantes relativamente aos demais produtores rurais do estado.
Uma delas era o conhecimento mais evoluído das técnicas agrícolas, trazido da Europa pelos imigrantes. A outra era a fertilidade da terra logo depois do desmatamento.  Essa terra virgem, nunca antes cultivada, tinha uma qualidade extraordinária.
A soma desses dois fatores, entre outros, fez com que o Vale do Caí, na segunda metade do século XX, se tornasse uma das regiões brasileiras com maior produtividade agrícola.
Sendo assim, as possibilidades de ganho dos comerciantes que compravam a produção dos colonos da região e a vendiam em Porto  Alegre. Pode se imaginar que os alimentos produzidos pelos alemães no Vale do Caí eram mais saborosos e de melhor aparência do que aqueles que, de outra origem, eram oferecidos no mercado portoalegrense.
Theodor Amstad, na obra Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul (publicada em 1924) refere-se assim à atividade desses comerciantes, que foi frenética no final do século XX e resultou na criação de grandes fortunas.
"O original naquela região foi o comércio de produtos. Parece que, na época, existiam em Porto Alegre poucas casas de comércio que intermediavam os produtos coloniais e os donos dos barcos também não dispunham de depósitos próprios. Quando um desses vapores do Caí, carregado, atracava em Porto Alegre, chegavam em bandos os comerciantes portugueses, chamados de "pés de chumbo" (1). Subiam nos barcos e começava a pechincha e o regateio. no qual os donos dos barcos ou seus representantes faziam o papel de comerciantes. No regresso a Montenegro ou Caí, o negociante que mandara os produtos para serem vendidos recebia, junto com os sacos vazios, a prestação de contas. E o negócio estava feito. A forma era primitiva, porém honesta!
Mais tarde surgiram, também no Caí, companhias de navegação, que se alternavam constantemente."

1 - Expressão de cunho pejorativo. Insinua que a pessoa é lerda, ineficaz e preguiçosa. Os colonos alemães, de forma preconceituosa, tendiam a considerar que essa era uma característica dos brasileiros de origem não alemã.

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