domingo, 23 de março de 2014

3822 - Bandeiras colocadas na frente de estabelecimentos comerciais para evitar depredação



Essa foto, postada por José Romário de Oliveira na sua página de Facebook, mostra a padaria Progresso, que funcionava na rua João Pessoa, cidade de Montenegro, no prédio onde hoje se encontra a Tumelero. O condutor da carroça, que fazia entrega diária de pão em residências e pequenos estabelecimentos comerciais, era conhecido como Pintado.
Deve ser da década de 1940, no tempo da segunda guerra mundial. 
Vendo essa foto, Ane Lise fez interessante comentário:
"Note que existe uma bandeira na frente do prédio. Acho que, para evitar problemas com os brasileiros, os comerciantes de origgem alemã colocavam bandeiras do Brasil na frente do estabelecimento. A família da minha mãe foi perseguida durante a segunda guerra mundial. Meu avô, Leopoldo Gemmer, morreu em 1944, dentro do forum, que funcionava na prefeitura."
Ane Lise conta, ainda, que encontrou por trás de uma antiga foto de seus antepassdos, a imagem do Kayser (o imperador da Alemanha, até a primeira guerra mundial) e comenta que "na nossa colônia ele era idolatrado". De fato, a maior parte dos descendentes de imigrantes alemães torciam pela Alemanha tanto na primeira como na segunda guerra mundial.

Esses comentários se referem às perseguições que muitos descendentes de alemães sofreram tanto no período da primeira como no da segunda guerra mundial. Nas duas, o Brasil se declarou inimigo da Alemanha, aliando-se aos inimigos dos alemães. Com isso, naturalmente, os alemães foram considerados como traidores da pátria brasileira. O que não tem fundamento, pois os descendentes de alemães, apesar de terem inegável simpatia pela nação dos seus antepassados, não agiram contra o Brasil. Até hoje, não se descobriu nenhuma ação nesse sentido. Mesmo assim, principalmente no final das duas grandes guerras, nas quais os alemães foram derrotados, grupos de brasileiros saíram às ruas fazendo manifestações, depredando e incendando empresas e sociedades pertencentes a descendentes de alemães.
Fatos assim ocorreram em Porto Alegre, no Caí, Montenegro e inúmeras outras cidades e localidades da região colonial alemã.

Passado o calor da guerra, esses assuntos foram esquecidos. Não se queria relembrar esse assunto, para não acender novamente a chama da discórdia. Hoje é bom lembrar e refletir sobre isso, para tirar lições da história. Diferenças raciais, culturais e ideológicas levam as pessoas a cometer atos de barbárie e é preciso que todos aprendam a conviver com as diferenças, exercitar a tolerância e evitar os radicalismos.

Fatos recentemente ocorridos no Brasil mostram que não evoluímos muito. Radicais praticaram depredações nas ruas das grandes cidades, incitados por ativistas radicais. Ao longo da história, muitas vezes foram praticadas grandes barbaridades a pretexto de estar-se agindo em nome de ideais.

Foto do acervo de Romélio de Oliveira



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