domingo, 1 de junho de 2014

4083 - A Estrada Rio Branco e a emancipação da Colônia Caxias

A estrada Rio Branco, como a principal de todas, tinha uma importância fundamental, pois dava acesso ao porto de S. Sebastião do Caí, não só da Colonia Caxias como de outras localidades e colônias, como Vacaria, São Francisco de Paula, Nova Trento, Antonio Prado, cuja produção, quer pecuária, quer agrícola, chegava aos mercados por esta via de comunicação.

Era condição concluir a estrada para a emancipação de Caxias. No entanto a colônia foi emancipada antes mesmo da conclusão das pontes do Arroio do Ouro ( Conselheiro José Julio) e do Pinhal (João Henrique). A estrada só foi entregue à Camara de São Sebastião do Caí em 11 de dezembro de 1884, no entanto as obras ficaram prontas ainda em julho, conforme informa Barata Goes, chefe da Comissão de Terras e medição de lotes de Caxias:

Em resposta ao oficio de n. 797 de 24 de julho próximo findo, e recebido no dia 04 do corrente, que informa sobre os três quesitos apresentados, cumpre-me declarar a V. Excia. Que quanto ao 1º, não há estrada alguma em construção por já estar concluida uma destas que fazem parte da viação externa e é denominada “Conselheiro Dantas”, que liga a sede principal desta Colonia aos Campos de Cima da Serra, estrada que é de rodagem e tem extensão de 27.640 metros, cujos trabalhos foram começados no dia 01 de março deste ano e concluídos a 27 de maio. É ainda necessário, para consolidar o seu leito, que sejam macadamisados alguns pequenos trechos e apello a V. Excia no sentido que se faça este serviço, pois sem ele no tempo das chuvas não é fácil o transito. Quanto ao 2º quesito, informo a V. Excia que deve começar logo que terminar a estação pluviosa os reparos na1ª secção da estrada Visconde do Rio Branco, serviço este que será feito por pequenos empreitadas em pouco tempo e bem assim a derrubada de matto na 2ª secção, a fim de preparar o aterro para que se torne transitável para cargueiros como obra provisória. Quanto ao terceiro quesito que julgo de summa importância poderei informar quando souber se foi approvado o meu orçamento das despesas necessárias às obras relativas à emancipação das colônias na importância de 35:676$000 para as referidas obras mas não é possível que com tão diminuta verba se façam os trabalhos que julgo bem necessários para que possa este estabelecimento entrar no regimen comum principalmente no que diz respeito aos meios de transportes e comunicação como determina o selado officio  de V. Excia. Três são os assumptosque tenho tratado desde que entrei no exercício do cargo que ocupo e são: viação interna, retificação de lotes e mais do que tudo, a viação externa. Esta se compõe de três estradas. Uma, já concluída, a Conselheiro Dantas, a 2ª que será só para cargueiros, se dirigirá a Vaccaria, e a 3ª que é denominada de “Visconde de Rio Branco”, tem 66 km, dos quais foram construídos somente 22 quilometros nas administrações passadas. Dos 44 quilometros que faltam para sua conclusão, há alguns trechos que são de dificílimo transito para carroções com carga, porque nelas nunca se fez obra alguma. Esta estrada, a principal de todas, porque nela transitam os gêneros de importação e exportação, não desta colônia como de outras localidades e liga a sede colonial com a Villa de São Sebastião do Cahy.
(TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTO do Escritório da Diretoria da Colônia Caxias em 06 de agosto de 1883, endereçado ao Presidente da Provincia Dr José Julio de Albuquerque Barros, assinado pelo Bacharel Manoel Barata Goes, Chefe da Diretoria da Colonia Caxias.DIR 014, N. 36, p.15-16, Arquivo Histórico de Caxias do Sul)

Pelos officios por copia juntos n. 1 e 2 veráV. Excia que foram entregues à administração  da Camara Municipal de São Sebastião do Cahy as estradas Visconde do Rio Branco  e Conselheiro Dantas conforme officio de V. Excia de n. 1097 de 09 de julho deste anno. Entregando as ditas estradas em bom estado de transito, como se vê pelo officio n. 2, compete a referida administração providenciar no sentido de que sejam sempre conservadas visto serem de máxima utilidade para os habitantesdo município da Vaccaria, de São Francisco de Paula, desta ex-colonia, da linha Feliz e outros lugares. Passando as mãos de V. Excia os mencionados officios rogo a V. Excia que sejam publicados.
TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTO do Escritório Chefe em Medições de lotes na ex-colonia Caxias em 11 de dezembro de 1884, endereçado ao Presidente da Provincia Dr José Julio de Albuquerque Barros, assinado pelo Bacharel Manoel Barata Goes, Chefe da Diretoria da Colonia Caxias.  (DIR 014, N. 148,Arquivo Histórico de Caxias do Sul)


Manoel Barata Goes : Fonte: Arquivo Histórico de Caxias do Sul 
O próprio Manoel Barata Goes, Engenheiro Chefe do Escritório da Diretoria da Colônia Caxias, recebeu, em 20 de novembro de 1883, oficio do Presidente da Provincia, aprovando o orçamento para a conclusão da 2ª secção da Estrada Rio Branco, do Arroio Pinhal até São Sebastião do Cahy, como parte dos“trabalhos preparatórios da emancipação da colônia Caxias, fixando a data do termino para o final de fevereiro de 1884”.
Tendo examinado os orçamentos que acompanharam o seu officio de 18 de outubro ultimo, declaro que aprovo o da 2ª secção da estrada de rodagem “ Visconde do Rio Branco”, desde a casa de Theodoro Poppi até a passagem do rio Cahy, na importância de 85:530#000, para servir de base aos contratos  de empreitadas parciais  a que V.Mercê, está procedendo mediante concorrência pública, da qual é de esperar se consiga a realização das obras  por preços inferiores aos orçamentos.
Não preciso encarecer a necessidade da mais rigorosa economia, porque conforme já declarei a V. Merçê por ocasião de visitar essa Colônia, não deve contar com quantia superior a 100:000$000 para concluir os trabalhos preparatórios da emancipação das colônias.
Esses trabalhos que devem estar concluídos até fins de Fevereiro, se limitam à dita 2ª secção da estrada Rio Branco e à retificação dos lotes que V. Mercê calculou poder completar com 14:000$000.
(Relatório de Barata Góes de 20 de nov de 1883 –Correspondência recebida,
DIR 014, Arquivo Histórico de Caxias do Sul,)

            Outro documento de 01 de março de 1879, da Diretoria da Agricultura do Ministerio da Agricultura e Obras Publicas, reforça a construção da estrada de Conde D´Eu para o porto de São João de Montenegro como “indispensável a construção de uma estrada regular, que, além de tudo, vai valer para a emancipação”.
           
... Entende aquelle Eng. que a primeira medida a tomar-se, relativamente àquellas colônias é facilitar-lhes a comunicação para os centros comerciais. Possuindo Conde D´Eu e D. Isabel 8.000 colonos ,, e não tendo estes mais que uma estrada impraticável para levar os productos  ao porto de S. João de Montenegro, é indispensável a construção de uma estrada regular, que, além de tudo, vai valer para a emancipação.
( TRANSCRIÇÃO DE OFICIO DA DIRETORIA DA AGRICULTURA , 3ª SEÇÃO,  ENDEREÇADO AO GOVERNO DA PROVINCIA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL, EM 01 de março de 1879, sob n. 11- Arquivo Nacional – OP.MIn. Agri)

A colônia Caxias foi emancipada em 12 de abril de 1884, tornando-se 5º distrito de São Sebastião do Cahy, quando faltava pouco para a conclusão das pontes do Arroio do Ouro e do Arroio Pinhal da Estrada Rio Branco e passou a chamar-se de Freguesia de Santa Tereza de Caxias. Em 20 de junho de 1890, torna-se Villa, cidade, conquistando a autonomia política.


Colônia a Fundos de Nova Palmira: 1872 até 1875
Campo dos Bugres: 1875 a jan 1877,
Colônia Caxias: de jan 1877 até 12/4/1884.
Colonia Santa Teresa de Caxias (quando foi emancipadapertencia  à Villa de São Sebastião do Cai: de12/4/1884  até 6/12/1890.


Vila de Santa Tereza de Caxias (administrada por um conselho municipal eleito,
que exercia as funções de legislativo e executivo): de 6/12/1890 até 1/6/1910.
Caxias do Sul ( elevada à categoria de cidade): 1/6/1910 até os dias de hoje.

Fonte: estradariobrancohistória, site de Luiz Ernesto Brambatti

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