domingo, 25 de fevereiro de 2018

5317 - Os Brummers

O império de Dom Pedro II contratou jovens alemães para lutar como mercenários
nos conflitos que o Brasil tinha com países vizinhos

Alberto Schmid, jornalista alemão que esteve no Brasil entre 1908 e 1911, produziu um texto sobre os sessenta anos da chegada da Legião Alemã ao Rio Grande do Sul, que foi editado no jornal Deutsches Volksbatt, em 1911. (1997, p. 11).
Essa mesma legião, que mais tarde passaria a se denominar Brummer,  começou a se constituir a partir da formação do exército que viria para auxiliar os brasileiros contra o ditador Rosas. Para tal, o imperador Dom Pedro II enviou para a Europa o tenente-coronel Sebastião do Rego Barros com a incumbência de contratar soldados.
Na Alemanha, encontrou homens que compunham o exército de Schleswig-Holstein,2 que já era formado por voluntários, e dissolvido em 1851.
Essa nova legião começou a ser formada em 1851 e totalizou 1.800 soldados, entre eles cinquenta oficiais.
Flores (1997, p. 8), ao prefaciar o livro Memórias de Brummer, cita que os legionários ficaram na maior parte como força de reserva. Dos 1.800 homens apenas 80 artilheiros sob o comando prussiano e uma centena de sapadores incorporados ao exército nacional lutaram em Monte Caseros, onde se derrotou o ditador Rosas, combatendo valentemente, abrindo forças inimigas.
Nas obras consultadas, não há nenhuma referência a que Frederico Michaelsen tenha lutado ao lado dos oitenta soldados da artilharia na batalha final, embora estivesse alistado para aquele batalhão.
O contrato
Ao ingressar no batalhão, o soldado recebia 25 táleres4 da moeda pátria. O deslocamento para o Brasil era por conta do contratante. Ao término de quatro anos de serviço militar (período de validade do contrato) cada soldado poderia receber 22.500 braças quadradas de terras coloniais ou viagem de retorno gratuita a qualquer porto europeu em caso de optar pelo regresso.
Outra forma de pagamento seria receber 80$000 em ouro.
A Revista Espaço Pedagógico, v. 16, n. 1, Passo Fundo, p. 71-84, jan./jun. 2009 74 Flores (1997, p. 8), ao fazer referência às condições com que se deparavam os soldados Brummer no período contratual após o final da guerra, registra:
Desarmados e carentes de treino militar, mal alimentados, com veste rota e sem calçados, numa flagrante falta de planejamento por parte de quem os contratou, segundo Lenz, a metade desertou – com a conivência das autoridades brasileiras, que assim se desobrigavam do pagamento de cláusula contratual; a quarta parte morreu de frio, subnutrição e doenças decorrentes de carência alimentar ou cardápio inadequado.
Apenas cerca de 450 aguardaram engajados o término do prazo contratual. Aos que permaneceram no Brasil, somou-se um número incerto de legionários desertados do Uruguai e que retornaram para o Rio Grande do Sul no pós-guerra. Essas condições de miséria e abandono também estão presentes nos textos dos demais Brummers que relataram suas memórias.
Ainda conforme as memórias de Schmidt (1997, p. 13), “dentre os nomes de soldados e oficiais aparecem não poucos que mais tarde podem ser encontrados na história do Rio Grande do Sul”.
Entre os citados, se encontra o nome de Michaelsen.

MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR Luiz Alberto de Souza Marques 

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