domingo, 25 de fevereiro de 2018

5314 - A viagem para Montevidéu

Na terra ou no mar, o perigo e a insalubridade atormentavam os soldado
Ainda em conformidade com as memórias de Lenz (1997, p. 22): 
Após dois dias de viagem cheia de privações, atingimos Montevidéu. 
Para alojamento mostraram-nos as instalações abandonadas de um grande matadouro, pois as demais acomodações disponíveis já estavam ocupadas pela Infantaria brasileira e pelos sapadores alemães. 
O pagamento de nossa etapa foi feito nos grandes kupfermüzen, moeda prussiana, bastante mais pesada que a brasileira. Dinheiro, pois, possuíamos, mas não havia ninguém para nos vender comida. 
Só ao anoitecer apareceram alguns civis, oferecendo por bom dinheiro pão e queijo. Felizmente auxiliaram-nos os soldados brasileiros e os sapadores com as sobras de sua carne crua. 
Seis dias acampamos nessa quinta, sem barracas, ao desabrigo e sobre a terra crua. Esses dissabores pelas quais passaram os soldados alemães foram determinantes para que um expressivo número deles desertasse; outros ficaram “loucos” ou fizeram do suicídio um ato de libertação de uma forma de miséria num continente estranho e numa guerra que não mostrava sua face.

MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR Luiz Alberto de Souza Marques 

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